A pandemia cancelou o 2 de Julho, a celebração da Independência da Bahia

A pandemia cancelou uma das festas mais significativas do Brasil, que acontece todo 2 de julho, na cidade de Salvador. A festa faz parte das comemorações da Independência na Bahia, província em que a pendenga contra as tropas lusitanas se arrastou numa guerra por todo ano de 1823.

A primeira vez em que Salvador comemorou a vitória das forças brasileiras, os populares colocaram um idoso indígena numa carreta tomada das tropas adversárias, e o levaram em cortejo pelo centro histórico da cidade.

Criava-se um rito popular centrado na figura de um caboclo esculpido pisando um dragão, símbolo do caráter guerreiro dos sertanejos e mestiços que expulsaram o colonizador.

Todo dois de julho o povo baiano realiza o cortejo com o caboclo, que as elites da província tentaram proibir a certa altura do século XIX por, supostamente, ter um caráter ”anti-português”.

Um pouco mais tarde, a festa foi acrescida da figura de uma cabocla, Catarina Paraguaçu, índia tupinambá que casou com Digo Álvares, o Caramuru — o ”Dragão vomitado pelo Mar”, náufrago português que se ”indianizou” e se tornou um poderoso entre os nativos da terra –, e é considerada pela Igreja Católica como Mãe da nação brasileira.

Os restos mortais de Catarina do Brasil se encontram ainda hoje na Igreja da Graça, em Salvador, e dela e de Caramuru se originaram poderosas famílias que estiveram na origem da elite da Bahia de Todos os Santos.

Salve os Caboclos de Julho, maior símbolo da nossa luta por independência de todos os poderes que buscam escravizar a Pátria!

[Notem que o caboclo é importante na construção das religiosidades afro-ameríndias-brasileiras também, sendo o verdadeiro encantado da terra.]

Por André Luiz dos Reis

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