A Igreja e seu lado político

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Em Deuteronômio 1:13 está escrito ”Escolham homens sábios, criteriosos e experientes de cada uma de suas tribos, e eu os colocarei como chefes de vocês.” Já Provérbios 29:4 descreve o seguinte ”O rei que exerce a justiça dá estabilidade ao país, mas o que gosta de subornos o leva à ruína.”

Desde o final do último século é crescente a participação religiosa na política, e sendo bem mais específico, dos chamados evangélicos cujo nome correto é “Cristão Protestante”. Nós, o povo crente que cremos na Bíblia como sendo um livro sagrado que me dá instruções para viver tanto a minha vida material, quanto a espiritual. Quando faço uso das escrituras sagradas eu vejo um padrão de sociedade, vejo uma forma de agir, e que Deus pela sua graça e misericórdia age no indivíduo mediante a sua aceitação da palavra de Deus.

Deus não é um controlador de marionetes como muitos pensam. Ele como criador deu independência para sua criação, logo desde que criou Adão e Eva ele já tinha pensado uma vida tanto no jardim do Éden, como fora dele. Nesta liberdade de ações que homem sempre teve, está encaixada sua organização social, e isso trás a nós um grande pensar, que é simplesmente o nome deste texto. Quando me referir a IGREJA cito a instituição, quando me referir ao ESTADO cito o que nos governa, e quando cito POLÍTICA quero dizer a relação entre elas.

O Estado sempre governou usando a dominação carismática da Igreja, talvez alguns irão contra essa ideia, para não desapontá-los corroboro que ambos fizeram a política do “Fui enganado! E qual o problema?” ambos cresceram juntos, até quando entra a era do iluminismo, da racionalidade ouve-se um grito por separação dos caminhos, o Estado seguiu por uma lado e a Igreja por outro.

O processo de separação foi doloroso, a Igreja já não tinha mais o Estado para sustentar suas medidas, e o Estado já não tinha mais a igreja para exercer um domínio Carismático sobre o povo. Durante muito tempo os líderes da Igreja tiveram uma interpretação bíblica que aproveitando da separação de ambos, a Política era pecado e que a relação entre Igreja e Estado não podiam acontecer, mas desde que aconteceu a reforma protestante  (1517), nunca mais houve um só dia no planeta que alguém não questionasse os detalhes da Bíblia Sagrada, e assim a Igreja se abriu para fazer Política e ganhar o Estado.

Importante de mencionar é que alguns fatores contribuíram para que a Igreja voltasse a fazer política, cito aqui o exemplo geral: a perda do conservadorismo pela sociedade secular. Mas historicamente a igreja sempre teve deveres não cumpridos como por exemplo, a educação, e assistência social

Falando de nosso país, Igreja brasileira nunca deu atenção para educação (um reflexo do país), confiando apenas no ensino da palavra que até hoje a maioria não tem formação teológica para lecionar nestas escolas comunitárias da igreja e isso facilitou a dominação capitalista, impondo seu modo de vivência: trabalhe para seu crescer [e assim o capital te escraviza], cuide da sua família [e assim o capital te mantém servo por todos os seus dias], não estou demonizando o cuidar da família, ou crescimento pessoal financeiro mas há outros sistemas de governo e financeiro muito mais saudáveis que o façam crescer e amparar sua família descritos inclusive da Bíblia.

Nesta falta de educar o seus a igreja exerceu então a chamada dominação carismática, e posso colocar também a dominação tradicional. O desejo da igreja é que todos possam ouvir a palavra de Jesus Cristo, mas com uma sociedade cada vez mais liberal nos costumes, os questionamentos sobre a Bíblia  aumentaram cada vez mais, colocando em cheque a sua veracidade. Era preciso aparelhar a Igreja ao Estado mais uma vez, então a Igreja brasileira permitiu a entrada da política dentro de si, e começou a pedir voto e dizer que precisava de representatividade nas casas legislativas defendendo seus interesses mas na verdade eles não sabem que o capital é ateu, e isso é tudo, isso muda tudo.

Esses legisladores representantes da igreja estão apenas para defender as causas morais como por exemplo o casamento homossexual a questão das drogas na nossa sociedade, a questão do aborto e muitas outras pautas desde moralismo barato. A serviço da igreja, esses legisladores usam de uma tática muito conhecida e simples que é a divulgação de toda e qualquer conversa que se tem nas casas de legislação, tirando palavras do contexto, e em nosso país isso trás um prejuízo enorme. Se o capitalismo é ateu, pois bem, ele não se interessa por isso desde que a sua lógica não esteja comprometida, mas ele usa essas questões para não chamar atenção do povo, ou tirar atenção com discussões sobre temas fúteis, para montar seu plano de escravocracia moderno. Faço a seguinte pergunta: Você acredita mesmo que se essas medidas aprovadas (REFORMA DA PREVIDÊNCIA, MP da Liberdade Econômica, Reforma Trabalhista, etc) fossem boas, eles não teriam divulgado isso com maior riqueza de detalhes, ou feito um show pirotécnico para te fazer feliz?

Cegueira é o que vive a Igreja, que é usada pelo capitalismo para manter milhões de pessoas olhando apenas para a sua vida moral, ou melhor para a vida que o outro leva, e totalmente despercebido  as questões coletivas como trabalho, estão sendo totalmente distorcidas  da forma bíblica descrita. A pergunta que te convido a fazer é: Será que a igreja está seguindo realmente a palavra de Deus? A bíblia fala sobre muita coisa, inclusive trabalho e formas de governo, economia e várias outras coisas e até por essa questão muitos sem saber fazem essas citações em seus discursos, mas a grande maioria as fazem de modo errado. Sobre muitas coisas ela também não diz, e nisto eu devo me levantar e articular, mas usando sempre os conselhos da Bíblia.

Hoje a Igreja brasileira se orgulha de ter eleito um Presidente da República mas sem nenhum critério, sem ponderar um contexto educacional a qual passa a própria Igreja, ou um contexto de assistência social como é descrito nas cartas paulinas que é dever da igreja fazer. Mas há uma pequena parte desta igreja que tem vergonha do que aconteceu pede desculpas a população e promete trabalhar até o fim dos dias, para emancipar o povo crente politicamente. O capital nunca esteve bem servido, uma população que foca apenas em aspectos morais, e aceita ser escravizada nas empresas que lucram em cima do trabalhador, e não percebem que a oração do Pai Nosso já não tem mais o pão de cada dia, e que não tem mais o perdoai as nossas ofensas, e os devedores não são mais perdoados pois são 63 milhões de pessoas no SPC/Serasa, os juros não perdoam ninguém. Muito Obrigado!

Por fim, convido a todos para uma interação, e nela trazermos a tona essas e outras reflexões, para uma sociedade mais justa e solidária e de emancipação política das instituições.

Por Pedro Ezequiel da Silva