O anarquista Alan Moore, autor britânico, declara voto no Partido Trabalhista

alan-moore-escritor-anarquista-declara-voto-no-partido-trabalhista-inglês-pela-primeira-vez
Botão Siga o Disparada no Google News

O escritor de quadrinhos Alan Moore, anarquista e crítico radical do capitalismo e da democracia liberal, declarou voto no Partido Trabalhista inglês. O autor é famoso por obras como Piada Mortal da DC Comics, clássico sobre a batalha entre Batman e Coringa, e os sucessos adaptados ao cinema Watchmen e V de Vingança.

Ele começa sua declaração falando da ironia de “um anarquista avesso à internet” declarar voto nas redes sociais. Moore conta que não vota há mais de 40 anos, e que apesar do voto ser mais contra os conservadores do que a favor dos trabalhistas, ele diz que: “o manifesto atual do Partido Trabalhista é o conjunto de propostas mais encorajador que já vi de qualquer partido britânico importante.”.

Confira a íntegra da nota do autor:

“Aqui está algo que você não vê todos os dias: um anarquista avesso à Internet anunciando nas mídias sociais que votará no Partido Trabalhista nas eleições de dezembro. Mas estes são tempos sem precedentes.

Votei apenas uma vez na vida, há mais de quarenta anos, estando convencido de que os líderes na maioria das vezes trabalham para beneficiar ninguém mais além de si mesmos. Dito isto, alguns líderes são tão inacreditavelmente malévolos e catastróficos que devem ser vigorosamente opostos por todos os meios disponíveis. Simplificando, não creio que mais quatro anos desses parasitas de direita vorazes e sorridentes nos deixem com uma cultura, uma sociedade ou um ambiente no qual temos o luxo de imaginar alternativas.

O mundo miserável em que vivemos atualmente não foi uma infeliz mudança de destino; foi uma decisão econômica e política, tomada sem consultar a enorme população humana que afeta drasticamente. Se quisermos que seja de outra forma, se preferirmos um futuro que podemos chamar de lar, devemos parar de apoiar – mesmo passivamente – essa agenda conservadora voraz e insaciável antes que ela nos devore com nossos filhos como sobremesa.

Embora meu voto seja principalmente contra os conservadores, e não para os trabalhistas, observei que o manifesto atual do Partido Trabalhista é o conjunto de propostas mais encorajador que já vi de qualquer partido britânico importante. Embora esses sejam tempos imensamente complicados e todos nós não tenhamos certeza de qual caminho devemos seguir, eu diria que o que nos afastará mais do iceberg aparente é a aposta mais segura.

Se meu trabalho significou alguma coisa para você ao longo dos anos, se o modo como a vida moderna está fazendo você temer por todas as coisas que valoriza, então saia no dia da votação e faça sua voz ser ouvida com um voto contra esse pisoteio sem coração da segurança, dignidade e sonhos de todos.

Um mundo que amamos conta conosco.

Alan Moore,
Northampton,
20 de novembro de 2019.”

  1. Esse é o problema do anarquismo individualista. Não adianta abster-se e não estimular a organização dos trabalhadores desde a base e pela base. Sem ação direta, propaganda e agitação, o anarquismo, seja ele insurrecionalista e/ou individualista não passam de teorias vazias. À cultura econômica e política do capital faz-se necessário uma contracultura de solidariedade, responsabilidade, compromisso e ajuda mútua. A luta é coletiva e pressupõe o modo cooperativo, a existência de organização específica e grupos de afinidade para ações diretas.

    1. Não adianta ações diretas sem uma contracultura que se opõe à cultura individualismo predatória,inserida na cultura hegemônica do capitalismo neo liberal. Para ganharmos a grande massa popular excluída é necessário uma “contracultura”, promovendo a cooperação e a solidariedade, como princípios fundantes de todas relações humanas, Valorização da Dignidade e do Trabalho Humano e Sustentabilidade Social,Econômica e Ecológica. Esses pilares erguem-se de um alicerce epistêmico que podemos denominar de HUMANISMO SISTÊMICO.
      As ações programáticas devem ter coerência com essas diretrizes. Que por sua vez deve criar ferramentas conceito que possa dar conta dessa nova pática política. Sugiro como contribuição a “Parceria de compromisso” e a “Comunicação dialógica em busca do Terceiro Incluso.” Com tais ferramentas buscaremos travar uma “… luta coletiva que pressupõe o modo cooperativo, a existência de organização específica e grupos de afinidade para ações diretas”

  2. O anarquismo não é uma “teoria vazia”. Teoria vazia é o que a Direita e a Esquerda institucional vêm fazendo ano após ano, com suas maldades sistêmicas, com suas hipocrisias, demagogias e ânsia de poder. São forças iguais e opostas. Nada mais.
    Esta escalada da extrema- direita deve-se, e muito, à corrupção inevitável dos governos esquerdistas. E neste mundo binário de “ou este ou aquele”, que aprendemos desde crianças seja pelo maniqueísmo religioso ou ideológico, trocamos sempre de um para o outro. Não nos damos o direito de sequer imaginar que pode haver outra alternativa. Radical, é verdade, mas jamais extremista.
    Neste tempo de extremismos mais que virulentos, mesmo entendo que são todos “farinha do mesmo saco” àqueles que buscam o poder seja estatal ou corporativo, é preciso, pelo menos desta vez, escolher o menos pior.

  3. Faz mais diferença a sua ausência (ou o voto nulo) do que votar pra tentar ajudar ou dificultar a eleição de alguém. Não é apenas por protesto, é também pelo fato de que independente de quem ganha o que importa é a sua capacidade de conscientizar o próximo que o caminho não está na democracia representativa, nem no comunismo autoritário, nem com ditaduras, e nem com capitalismo predatório e suas grandes corporações. E acima de tudo é uma questão de caráter, anarquista não vota, e por isso ninguém tem mais respaldo do que nós para conscientizar o próximo, para mostrar que o caminho pode ser outro, fora desse espectro politico de Esquerda, Direita ou Centro, são lados representativos, portanto aquém da Anarquia e seu propósito de uma sociedade autogestionada na política, na justiça, na saúde, na educação e na segurança. #anarquistaPraAnarquistas

Deixe uma resposta