80 anos do Apelo de 18 de junho de Charles de Gaulle à resistência

80 anos do Apelo de 18 de junho de Charles de Gaulle à resistência
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Uma voz, um rosto impassível, um microfone, umas folhas soltas e um apelo: hoje faz oitenta anos que Charles de Gaulle lançou, dos estúdios da BBC, o Apelo de 18 de junho concitando os franceses a não capitularem diante da invasão alemã. Nascia ali a Resistência francesa. Na véspera, o marechal Pétain anunciara o armistício com a Alemanha. A chamada Bataille de France (a final contra os nazistas) estava perdida, como também a soberania e a liberdade do país.

Ao saber da notícia, o ainda desconhecido (mas já ousado) De Gaulle, que chegara a Londres a bordo de um avião britânico e tentava negociar com Churchill a continuação da guerra, resolveu fazer o Apelo, no dia seguinte.

O discurso foi pouco ouvido, até porque nessas alturas 8 milhões de franceses perambulavam pelas estradas, fugindo às pressas da invasão alemã. Se o êxodo prejudicou a audiência do discurso, o Apelo foi reproduzido na imprensa francesa no dia seguinte e divulgado em rádios estrangeiras. Assim como o comunicado “A tous les français”, que foi colado em postes, portas, janelas e valeu a De Gaulle uma condenação à morte pelo regime colaboracionista de Pétain.

Oitenta anos depois, a figura de De Gaulle não perdeu a imponência. Eleição após eleição, políticos de direita, centro e esquerda reivindicam uma parte da herança daquele que encarna uma certa ideia da França, a de grandeza, soberania.

Do Apelo só subsiste um manuscrito. A gravação também se perdeu, e o que se ouve (no link abaixo) é um discurso pronunciado 4 dias depois.

O Apelo foi uma cartada política que deu certo. Alguns milhares de franceses foram para Londres juntar-se às FFL (Forces Françaises Libres) e na França começaram a se organizar as redes de resistentes. Estes foram bem menos do que se afirmou ao final da guerra. Mas unidos pela mesma convicção de que só com resistência (organizada) é possível se livrar de um horror como o nazismo (e de seus êmulos).

Por Rosa Freire d’Aguiar