O currículo do ensino de base no Brasil é um equívoco completo

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Metade das disciplinas deveriam ter o tempo severamente reduzidos em prol da criação de outras tantas cujo escopo seria o de criar condições de transmissão e reprodução da cultura local.

As crianças tem aprender sobre a música e os instrumentos musicais da região, as atividades econômicas típicas, as atividades artesanais e outros tantos tópicos que poderiam, inclusive, ser um fator de integração da população local à escola. Tem de ter aula de capoeira, tem de ter aula de ”lendas” e de ”folclore”.

Mas nós persistimos imitando o debate curricular imposto pelos centros capitalistas, um teatrinho, já que para o capitalismo que se pratica por aqui basta saber assinar o nome e dominar a operação de soma.

A educação não deve servir a esse teatro capitalista, ele deve servir à reprodução da cultura de cada região do país, como contraponto, inclusive, à montanha de merda que as classes populares estão expostas por meio da TV e do rádio, elos da indústria cultural e de todos os seus vícios.

Por André Luiz Dos Reis

  1. Oi André. Acompanho sempre os textos do Portal. Concordo com essa visão, entretanto, os Itinerários Formativos do Ensino Médio deveriam ter exatamente esse propósito e pela lei 13.415 de 2017 deveriam ser implementados até o início do ano que vem. Eles abrangem ainda apenas o Ensino Médio, mas abrem a possibilidade para projetos que contemplam a cultura e os fazeres locais. Resta saber: se e como eles serão implementados. Abraços!

  2. Acho que do jeito que você colocou, ficou muito superficial.

    É evidente que a criança só pode se beneficiar em dominar a cultura do local onde vive, em aulas de caráter cultural, como música, literatura e dança.

    Mas tão ou mais benéfico é dominar aquilo que lhe é distante: a ciência, a filosofia, a literatura estrangeira, uma “imagem do mundo” que não a condene a ser provinciana, fechada em um mundinho, sem ser capaz de compreender o todo onde vive. Até porque é muito mais provável que um amazônida tropece na caipora e no carimbó do que em Bach e Marx.

    Não há contradição entre cultura local e cultura universal (ou erudita). O inimigo aqui é a cultura de massas.

    Inclusive, debate normativo ou teleológico em educação é saudável, mas tem uma bela carga de ociosidade. Afinal, apesar de tudo o que se possa escrever, o imperativo é a realidade do professor na sala de aula, que em 2019 é extremamente complicada.

    As crianças, por si, têm contato com o mundão durante sua vida não acadêmica. Isto é, não é a escola que as apresenta à cultura de massas ou às consequências culturais e sociais do imperialismo; a criança vive essas coisas espontaneamente. A escola já seria por si esse lugar de contraponto que você reivindica.

    Para mim, as questões maiores aqui são:
    a) Que aluno é esse? Ele vive em condições sociais saudáveis ou hostis? Ele é bem-nutrido? Durante sua vida, ele mantém contato com que tipo de estímulos?
    b) Que professor é esse? Ele tem uma boa formação, tanto geral quanto em sua área? Ele tem a capacidade de fazer o seu aluno aprender? Ele tem sensibilidade para saber se há algo de errado com seus alunos?

    Pense nisso.

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