GUSTAVO CASTAÑON: Game of Thrones

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Bem não vou intelectualizar muito a arte primeiro, e vou tentar intelectualizá-la depois.

Como espetáculo e diversão, Game of Thrones foi a série mais sensacional de todos os tempos, icônica, e teve um final à sua altura, surpreendente, com o qual ninguém ficou satisfeito, porque a guerra do poder pelo poder é isso e sempre foi, consome todos, os seus protagonistas, coadjuvantes e os que fogem dela.

O final, no entanto, apesar de manter o cru realismo político da série, cedeu a dois chavões universais conservadores:

1) “Os mansos herdarão a Terra” – O aleijado, o anão, o gordo, a estuprada, os pacíficos e mais inabilitados para a luta física sobrevivem e assumem um mundo devastado pela guerra entre os “fortes”. Esse princípio cristão é sábio e uma apologia do pacifismo mas é igualmente uma apologia da resignação e da covardia.

2) “Revolução não é nada além de sangue e destruição” – Revolução seria o império dos ressentidos. A heroína que libertou povos e derrotou tiranos e sacrificou seus exércitos para lutar contra os mortos no fim tem que virar uma genocida sem sentido para passar uma mensagem de terror e governar pelo medo. Utopia não é nada além de autoritarismo e violência contra a ordem natural das coisas. Que tudo permaneça a injustiça e crueldade de sempre porque a alternativa é sempre sangue, maldade e psicopatia.

Enfim, a mensagem da obra de Martin é o mesmo lixo conservador feudalista de sempre, mas não é surpresa, pois as mensagens centrais de sua obra sempre foram um resgate da “honra” da sociedade feudal e o princípio conservador de que o ser humano é uma grande merda, um esgoto moral que precisa ser controlado pela força.

Mas esse lixo antigo foi contado novamente de forma magnífica.

Como dizia Aristóteles, o sinal de uma mente educada é a capacidade de se entreter com um pensamento sem assimilá-lo.

Diria a mesma coisa sobre o senso estético, temos que admirar quando as formas de ver o mundo são expostas com beleza e inteligência, sem necessariamente sermos seduzidos por elas.

Senão cometemos o erro de Platão e julgamos as obras de arte por seu valor de verdade.

Mas seu valor é o da beleza e do entretenimento.

Enfim, era só uma estória, pessoal.

Foi uma estória fantástica.

Obrigado Martin, seu conservador fdp.