Mauro Cezar, a razão da implicância com Fernando Diniz tem um nome: imprensa

Botão Siga o Disparada no Google News

Ontem o jornalista da ESPN Brasil, Mauro Cezar Pereira, disse não entender o porquê há tanta raiva contra o diferente e satisfação com o fracasso de técnicos como o Fernando Diniz, que têm por estilo um jogo focado na posse de bola e na imposição. Mauro já chamou isso algumas vezes de culto à mediocridade.

Eu reputo o Mauro Cezar como um dos melhores jornalistas esportivos do Brasil. Idiota ele não é, muito pelo contrário. Então eu creio que o Mauro sabe muito bem que parte dessa ira coletiva que se manifesta nas redes sociais tem a ver com a bajulação desmedida de parte da imprensa. E vamos dar nome aos bois: os defensores do tatiquês.

Essa galera que acha que o futebol nasceu em 2008 com o Pep Guardiola, e que é fortemente influenciada por uma perspectiva vira-lata (falarei mais sobre isso adiante), crê que discurso tatiquês (externos desequilibrantes, jogadores terminais, pivotes e tutti quanti) faz deles mais entendidos do que os que não usam esses “conceitos”. E acreditam que esse estilo de jogar bola é superior, quando o futebol é conhecido e reverenciado por ser um jogo cuja vitória (que sim, é o objetivo maior do esporte) pode ser obtida das mais diversas maneiras.

É óbvio e ululante que essa postura arrogante foi criando uma rejeição (Aliás, pra gente fazer aqui uma associação com a política, só lembrar do “nunca antes neste país” de um ex-presidente que é amado e odiado, mostrando cabalmente o que esse tipo de postura gera) e muito dela é projetada no Fernando Diniz, que indiscutivelmente se beneficia dessa benevolência da turma do tatiquês (seus resultados em campo não o gabaritam para estar à frente de um clube como o Fluminense, mesmo que outros técnicos mais convencionais e também sem resultados expressivos há muito tempo, como o Abel do Flamengo, também não, contudo dois erros não fazem um acerto).

E voltando ao ponto do vira-latismo, essa adoração ao estilo de jogo do Guardiola tem um ponto de consagração: a humilhação que o Barcelona perpetrou contra o Santos em 2011. Aquilo foi tratado por muitos, que ansiavam pelo dia que isso ocorresse, como a indiscutível superioridade do futebol europeu sobre o sulamericano e da maior sofisticação tática. Os dois pontos, por óbvio, estão corretos. Mas longe de tocarem no ponto principal: a Lei Pelé e as leis neoliberais de livre transação de jogadores que tornaram nosso futebol mero exportador de pé de obra para verdadeiras empresas multinacionais como o Barcelona. Nada mais significativo do que a informação que veio a se confirmar a posteriori de que Neymar jogou aquela partida, naquele momento a mais importante da sua carreira, já com contrato pré-assinado com o clube catalão.

E disso os membros do tatiquês que são inveterados vira-latas e defensores do futebol europeu (que é ele próprio extremamente desigual e reprodutor desta lógica neoliberal iníqua e que faz com que um Ajax numa semi de UCL hoje seja visto como colossal surpresa) não falam. Melhor só dizer que nossos técnicos são atrasados, que nossos times são mal administrados e que nossa torcida cultua a mediocridade quando estilos consagrados em times bilionários não rendem resultados em equipes com jogadores pouco talentosos.

  1. O autor erra ao escolher o jornalista Mauro Cezar como alvo de sua crítica. O próprio Mauro criticou Tite pelo pedantismo ao usar termos ininteligíveis nas entrevistas.

    Aliás, quem critica o nível do futebol brasileiro, não pede discurso “tatiquês”, nem acha que o futebol começou com Guardiola. É, antes, um desejo de ver o nosso futebol protagonizar grandes jogos, pois o brilho desse esporte não está apenas na vitória.

    Então sim, nossos técnicos são atrasados, nossos times são mal administrados, nossas torcidas se contentam com pouco e, TAMBÉM, devemos confrontar a exportação dos principais jogadores. São críticas complementares, não opostas.

    1. Pelo que eu entendi ele não criticou o Mauro Cezar, mas usou o questionamento do Mauro pra fazer um gancho do que ele acredita ser a verdadeira razão.

  2. Penso que o articulista ainda não entendeu as mudanças que ocorreram no futebol. Ele erra para o outro lado. Não tem nada a ver com tatiquês, muito menos com vira-latisse. O futebol ganhou mais precisão tática, assim como desempenho físico. Tal como voley, basquete, F1 etc. O importante é adaptar a mudança para beleza do esporte, a disputa, a vitoria, a arte no manuseio da bola. Ficar nesse discurso ultrapassado de alienação, não resolverá nossos problemas. Fernando Diniz vem sendo demonizado por alguns limitados de entendimento, não há duvida, mas porque nos traz o diferente, um diferente que antes nos era comum. Com insistência o “dunguismo” ficará de lado. Acorda Wanderson Marçal, a sua ânsia de preservar o que já perdemos, nos impede de recuperar a qualidade do nosso futebol. As vezes olhar o jardim dos outros nos ajuda a embelezar o nosso.

  3. Bom dia!
    Concordo tanto com o Wanderson como com o Muro Cézar em número, gênero e grau.

Deixe uma resposta