A internet no Roda Viva: Felipe Neto e o novo mundo

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O Roda Viva trouxe para o centro da roda o influenciador digital Felipe Neto. A transformação promovida pela equipe de Vera Magalhães teve seu ápice na noite desta segunda-feira. O programa pareceu finalmente estar conectado ao mundo digital. A primeira sinalização clara foi a presença do biólogo Átila, semanas atrás, em detrimento a nomes com maior staff para falar da pandemia. Nesta noite, a Roda foi mais ousada: trouxe um entertainment do novo mundo para o centro do programa.

Felipe Neto ainda soa jovem. É um mérito para quem está há tantos anos em destaque num universo digital cuja velocidade é lei (e talvez a única). Seu tom permanece juvenil e à prova de balas. Qualquer intempestividade logo é sucedida de uma desculpa alicerçada na sua juventude, a velha amiga que o influenciador mantém perto o suficiente para calcar seus antigos deslizes, penitenciando-se de forma quase beata. Apelar ao perdão cristão sempre é eficaz. Ainda mais quando se corrobora com “muitas leituras transformadoras”, mesmo que não se saiba – como não se soube – citar nenhuma delas.

Há um tom propositalmente inocente no que Felipe fala. Até sua falta de graça parece simpática e cuidadosamente pensada. Quando diz que Bolsonaro é “fascista” e que Dilma sofrera um “golpe”, soa quase estudantil. Ao contrário de suas opiniões sobre comunicação, verdadeiramente pós-graduadas. Falas como “A CNN não pode dar voz para todos os discursos” ou “o paypall dos jornais, do jeito que é feito, ajuda as fake news” foram devidamente embasadas e demonstraram rara substância sobre o tema.

O comunicador dá aula quando é perguntado sobre seus negócios e assuntos correlatos. O preparo excessivo soa efusivamente treinado e pouco natural. Contudo, Felipe não pode ser acusado de deixar perguntas sem resposta. Se desassociou de polêmicas sobre conteúdo infantil e problemas empresariais e saiu muito maior do que entrou. Soube se posicionar de acordo com os algoritmos, que lhe deram o primeiro lugar no Twitter durante todo o dia. Cada fala era repercutida como a de um grande líder. Um quase-político dos novos tempos.

Felipe tratou do dilema do Whatsapp, “É a rede mais perigosa, pois é a única privada”, criticou a comunicação de Lula, “Perdeu uma grande oportunidade de se colocar depois da cadeia”, atacou a meritocracia, “Impossível em qualquer condição de desigualdade”, e ainda teve tempo de dizer que sua opinião política era “entre Ciro e Amoedo”.

O enfant terrible da internet teve seu dia de consagração. É um comunicador extremamente habilidoso e está caminhando para ampliar sua gama – já enorme – de seguidores. Felipe Neto não desliza, mesmo que sempre pareça claudicante. Representa a juventude de classe média das grandes metrópoles, para o bem e para o mal. Toda a superficialidade será perdoada, ainda mais se alicerçada na juventude, esta velha amiga.

  1. “Posição política entre Ciro e Amoedo”… “sabe nada inocente”… se ele for o que essa reportagem acima afirma ser… do jeito que a reportagem coloca… eu me pergunto,,, vamos continuar a adotar a política de votar no menos ruim? De minha parte eu quero mais, prefiro a profundidade mesmo que condenada do que a superficialidade perdoada… uma coisa boa: a reportagem me instigou a assistir o vídeo desse roda viva… é ver prá crer…

  2. Fui assitir o vídeo e não encontrei nada superficial… ele vai na causa de problemas cruciais para o momento, alguns deles enumerados na reportagem acima. Reconhece as áreas em que não é especialista mas mesmo assim vai fundo, como por exemplo, quando demonstra que não há meritocracia porque as pessoas não estão no mesmo ponto de partida, nas mesmas condições iniciais”. Brilhante. e a opinião dele sobre opção politica, que foi o motivo maior para eu dar a opinião anterior acima, que considero incompleta e por isso estou completando é “eu costumo traçar os meus limites entre o Ciro e o Amoedo, não estou dizendo que apoio nem um nem outro” agora ficou clara prá mim. Não me parece uma “opinião política” me pareceu delimitar uma faixa de centro com limites à direita e à esquerda… não era um apoio político como eu erroneamente estava pensando. Valeu ter assistido, depois de anos o Roda Viva, novamente… é disso que precisamos… pessoas como o Felipe Neto que ousam falar o que pensam dentro da realidade… gratidão a ele e ao Renato Zaccaro por me tirarem da inércia em relação ao Roda Viva…

  3. Como todo novo-rico brasileiro, o Nelipe Feto é de esquerda nos costumes e de extrema-direita na economia, daí o “entre Ciro e Amoedo”. Moderou nas críticas ao Luladrão para agradar a esquerda, mas na política seria um PSDB/DEM empedernido – assim como outras mini-celebridades tipo Lobão e Alexandre Frota (literalmente já PSDB).

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