A democratização socialista da viagem de avião na União Soviética

A democratização da viagem de avião na União Soviética
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O grande desenvolvimento da aviação civil na União Soviética começou logo após a Segunda Guerra Mundial e se deu pela empresa aérea estatal do país – a Aeroflot. Nos anos 1950, a Aeroflot estava equipada com seus primeiros jatos, e os voos tornavam-se mais rápidos e agradáveis.

A partir de 1960, as companhias aéreas começaram a conectar não apenas as capitais das repúblicas federadas da URSS, mas também as principais capitais regionais. Aeroportos brotavam por todo o país. Por exemplo, de Voronej (centro industrial a 530 km ao sul de Moscou), era possível voar para quase cem cidades.

Em Moscou, no início dos anos 1960, havia quatro aeroportos: Vnúkovo, Bikovo, Sheremetievo e Domodêdovo. A capital interligava a rede aérea e conectava mais de 200 cidades da URSS. Assim nasceu o aeroporto Domodêdovo em 1965.

Até a década de 1970, os bilhetes podiam ser comprados sem apresentar documentos e não eram nominais. O documento tinha que ser apresentado apenas no momento do check-in.

Em 1976, a Aeroflot foi a primeira companhia aérea mundial a transportar mais de 100 milhões de passageiros em um único ano.

Mas quanto custavam as passagens?
O guia “Transporte des Passageiros em Moscou” de 1990 relata as seguintes tarifas para voos partindo de Moscou para:

-Sochi: 31 rublos – 220 reais
-Leningrado 18 rublos – 123 reais
-Vladivostok 134 rublos – 947 reais

Comparável aos valores praticados hoje, podemos averiguar de acordo com o salário médio de um trabalhador no país que era de 170 rublos ou 1.202 reais. Ainda assim, os diversos voos locais dentro das próprias regiões eram bem baratos.

Ou seja, o salario de um mês de um trabalhador soviético era suficiente para ele viajar de avião de Moscow a Sochi 5 vezes e viajar de Moscow a Leningrado quase 10 vezes.

No valor da passagem sempre estava incluída a refeição (servida em pratos de porcelana) e o transporte de bagagem. Cada passageiro pode despachar 20 kg, mais uma peça de bagagem de mão, gratuitamente. Em aeronaves menores, como a Antonov An-2 e em helicópteros, a bagagem era limitada a 10 quilos.

Crianças menores de cinco anos voavam de graça, e até 12 anos pagavam 50% da passagem. Nos meses do ano letivo soviético, de outubro a maio, estudantes de todas as séries podiam voar pela metade do preço. Já os veteranos de guerra, tinham direito a passagens gratuitas duas vezes por ano.

Em 1990, a Aeroflot já transportava mais de 140 milhões de passageiros por ano. Na época, havia mais de 1.500 aeroportos ativos na Rússia – a maioria nas regiões, mesmo em lugares muito remotos. Hoje, menos de 300 permanecem funcionando.

Por Daniel Bispo

A democratização da viagem de avião na União Soviética