A responsabilidade do Brasil pela Pátria Grande

Precisamos de realismo para encarar a real correlação de forças que existe na América do Sul. Só assim vamos encarar de frente nossa responsabilidade e perceber nosso fracasso momentâneo de modo nu e cru. O Brasil possui mais de 40% da população sul-americana, mais de metade do PIB e mais de 60% da indústria. Mesmo com toda a catastrófica desindustrialização das últimas duas décadas, o parque industrial brasileiro está entre os dez ou doze maiores do planeta.

Precisamos de realismo para encarar a real correlação de forças que existe na América do Sul. Só assim vamos encarar de frente nossa responsabilidade e perceber nosso fracasso momentâneo de modo nu e cru.

O Brasil possui mais de 40% da população sul-americana, mais de metade do PIB e mais de 60% da indústria. Mesmo com toda a catastrófica desindustrialização das últimas duas décadas, o parque industrial brasileiro está entre os dez ou doze maiores do planeta.

Nosso parque industrial é maior que o da Rússia e da dimensão do inglês, embora com muito menos complexidade tecnológica. Já estou levando em conta toda nossa crise, porque até o início do milênio estávamos facilmente entre os sete ou oito maiores parque industriais do mundo.

Não há absolutamente nada na América do Sul comparado a isso. Nem que somássemos os demais países do sub-continente chegaríamos a esse patamar. A segunda economia da região é a argentina, que não é nem um terço da brasileira, e cuja indústria é menor que a de São Paulo.

A economia venezuelana é dez vezes menor que a brasileira em paridade de poder de compra. Em termos nominais, é um PIB vinte vezes menor. A economia da Venezuela tem de ser comparada com a do Estado do Rio de Janeiro, ou a do Paraná, não com a do Brasil. A economia da Bolívia é comparável a de Pernambuco.

Não há no sub-continente nenhum poder demográfico, militar, econômico etc. que contraste o do Brasil. Absolutamente nenhum. Se o nosso país fosse usado pelo Império para derrubar algum regime vizinho, o que graças ao seu Zé Pilintra está a anos luz de acontecer, não haveria meio de qualquer outra força sul-americana nos impedir. A longo prazo esmagaríamos o adversário.

Essa é a realidade nua e crua. Não a exponho por soberba, pelo contrário, é pra combater qualquer idealização: sem o Brasil, seremos todos, inclusive os brasileiros, escravos. Não há nenhuma saída possível para a América do Sul que não uma integração soberana liderada pelo Brasil.

Se a América do Sul é uma colônia, a maior parte da responsabilidade é nossa. O Brasil vive de costas para os vizinhos, recusando-se à sua missão civilizacional. E tem sido até bom, por enquanto, já que somos dominados por uma elite e uma classe média que venera o capeta. Temos o maior grau de ocidentalização entre os países sul-americanos, talvez atrás apenas do Uruguai.

Essa é a situação. Toda a resistência que os países da América do Sul impõem ao Império é apenas o adiamento da dilapidação completa enquanto o Brasil não tomar para si a responsabilidade de unir o continente. Não há nenhum outro modo de estabelecermos a liberdade da Pátria Grande. Todos os caminhos saem e se encontram aqui nesse território.

A América do Sul fracassa porque o Brasil insiste em ser um fracasso. E pela dimensão que o nosso país tem na região, a solução não vai vir de nenhum outro lugar. Nenhuma ilusão é possível quanto a isso.

Por: André Luiz dos Reis.

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