China e Rússia – Aliança estratégica e cooperação econômica

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Por Uallace Moreira – A China está estreitando as relações com a Rússia por meio de acordos bilaterais, e também com o RCEP.

Essa parceria entre Rússia e China representa mais uma derrota para os EUA.

A China propôs compartilhar oportunidades de desenvolvimento, expandindo a abertura bidirecional e aprimorando a cooperação mutuamente benéfica para se empenhar por mais parcerias em vários aspectos da cooperação bilateral com a Rússia.

Além das parcerias bilaterais, o Conselho de Estado da China, tomou providências para acelerar a implementação da Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP), com uma das finalidades de estreitar mais ainda os laços com a Rússia.

Mais trabalho deve ser feito para defender o livre comércio e abrir um novo espaço para a cooperação win-win, de acordo com um comunicado divulgado após uma reunião executiva do Conselho de Estado presidida pelo premier Li Keqiang.

A reunião foi para garantir a implementação do RCEP, com a ideia de fomentar esforços coordenados para promover a abertura do comércio de bens e serviços entre os países da RCEP.

Com isso, facilitar os investimentos, juntamente com padrões e regras mais elevados para a liberalização e facilitação do comércio e do investimento, proteção da propriedade intelectual e e-commerce, além da cooperação econômica e tecnológica.

Nessa coluna, mostro porque a formação da Parceria Econômica Regional Ampla, ou RCEP (Regional Comprehensive Economic Partnership), pode significar o enfraquecimento e derrota dos EUA na “guerra fria” contra a China.

A relação entre Rússia e China é uma aliança que se aprofunda cada vez mais.

Em relatório divulgado por Moscou, fica claro que os desenvolvimentos geopolíticos mais importantes do século 21 refletem uma aliança estratégica entre a China e a Rússia.

Entrando em uma nova era, as atuais relações Rússia-China de parceria abrangente e cooperação estratégica têm uma característica poderosa e positiva de verdadeira camaradagem desenvolvida já nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.

Na verdade, a analogia histórica carrega ecos profundos na situação atual na Europa e na região da Ásia-Pacífico. O governo alemão acusa abertamente o estado russo de envenenar o político da oposição Alexei Navalny e ameaça a Rússia com sanções.

De acordo com o próprio relatório: “Em princípio, a resposta geopolítica ao longo desses anos consistiu em reconhecer que nossos parceiros ocidentais não eram confiáveis, incluindo, infelizmente, membros da União Europeia”.

“Tínhamos muitos planos de longo alcance e há documentos que indicam o caminho para o desenvolvimento das relações com a UE no setor da energia e da alta tecnologia e para o reforço da cooperação econômica em geral”.

Entretanto, o comportamento da Alemanha contra Moscou tem deixado o governo russo em alerta e com uma visão clara que a parceria com a China é o caminho mais estratégico para o país.

A Aliança entre Rússia e China já acontece também na esfera financeira. Os países estão se unindo para reduzir sua dependência do dólar.

No primeiro trimestre de 2020, a participação do dólar no comércio entre Rússia e China caiu abaixo de 50% pela primeira vez, de acordo com Russia’s Central Bank and Federal Customs Service.

O dólar foi usado em apenas 46% dos acordos entre os dois países. Ao mesmo tempo, o euro atingiu uma alta histórica de 30%, enquanto suas moedas nacionais representaram 24%, o que representou uma nova alta.

Rússia e China reduziram drasticamente o uso do dólar no comércio bilateral nos últimos anos. Até 2015, aproximadamente 90% das transações bilaterais eram realizadas em dólares.

Após a eclosão da guerra comercial EUA-China e um impulso conjunto de Moscou e Pequim para se afastar do dólar, o número caiu para 51% em 2019.

Para quem tiver interesse, em 2017 escrevi um artigo para o Russian Institute for Strategic Studies (RISS), abordando a estratégia de uso de moeda local nas relações comerciais entre os países do BRICS:

Use of national currencies in international settlements. Experience of the BRICS countries.