O corte na taxa de juros do Banco Central e um futuro residual

O corte na taxa de juros do Bacen e um futuro residual 2
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Na quinta feira do dia 17 de junho, o Comitê de Política Monetária (COPOM) anunciou um corte 0,75 pontos percentuais sobre a taxa de juros básica da economia, que atinge agora a mínima histórica de 2,25% a.a. para financiamento e a liquidação de títulos no mercado interbancário de operações.

O COPOM considerou em sua análise que o corte seria viável devido a situação de desaceleração da economia mundial frente aos impactos causados pela pandemia do Corona vírus. A desaceleração da economia brasileira foi evidenciada pelos resultados apresentados pelo fechamento do IBC-BR do mês de março de 2020, indicando o pior trimestre dos últimos cinco anos. Resultado que pode se agravar para o segundo trimestre de 2020.

Os resultados apresentados pelos índices de inflação não exprimem risco para o corte na taxa de juros. E a condução da política monetária do Banco Central tem se mostrado essencialmente preocupados com a inflação, deixando o estímulo à atividade econômica em segundo plano. A capacidade ociosa instalada da economia brasileira, que desde 2018 beira 1/3 da indústria, tende a ser agravada devido a conjuntura de desaceleração econômica, o que deixaria, segundo o COPOM, um espaço maior para praticar um corte na taxa de juros sem risco inflacionário.

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Fonte: Banco Central

Desde a última reunião do COPOM, o colegiado tem considerado que, apesar da redução atual e das condições evidentes de estímulo a medidas anticíclicas, deve se ter cuidado para com o esgotamento deste ciclo, considerando que “neste momento, a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e deve ser pequeno”, este cenário pode ser beirar a verdade dada a conjuntura internacional, mas no âmbito nacional, os estímulos à liquidez tem sido reduzidos e bem criteriosos. O Banco Central desta maneira, da a entender que daqui até o final do ano, as medidas de redução da taxa de juros serão muito mais criteriosas.

A inflação do período tende a ficar abaixo do centro da meta com os setores que compõe o IPCA apresentando resultados deflacionários devido a redução da demanda e as medidas de contenção da COVID-19. A projeção do IPCA para o ano de 2020 está em 1,60% a.a., abaixo do centro da meta estabelecido no início do ano de 4% para 2020. Projeção esta que foi elevada de 1,50% a.a. para 1,60% a.a., impulsionada pela reabertura parcial promovida pelos Estados.

Portanto, se considerada somente a inflação o Banco Central ainda teria espaço para manobrar a taxa de juros em prol de uma condução que vise o estímulo do emprego e da produtividade, o que não parece ser o horizonte do Bacen, pois apontam que o “estímulo monetário será residual” daqui em diante.

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