O crescimento econômico nacional-consumista do governo Lula

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O contexto do crescimento da economia brasileira durante o governo Lulla-lá, quando o PIB chegou a apresentar taxas superiores a 7% ao ano, foi marcado por dois elementos fundamentais:

1. O tripé macroeconômico estabelecido por Armínio Fraga no governo de Fernando Henrique Cardoso;
2. A explosão do mercado de commodities, impulsionado pela China.

O Brasil vivia repleto de dólares, o que ajudou a estabilizar e melhorar o perfil da dívida pública, aumentar as reservas e segurar a inflação.

O governo Lulla-lá consolidou um modelo econômico fundamentado na expansão A) do crédito à pessoa física; B) do mercado interno por meio de medidas redistributivas de renda: Bolsa Família e, principalmente, valorização do salário mínimo; e C) dos investimentos públicos em infra-estrutura, principalmente na construção civil.

O crescimento econômico foi impulsionado pelo consumo das classes mais desfavorecidas. O setor de serviços pouco qualificado, muito intensivo de mão de obra, se destacou. O grande problema, no entanto, é que a sobrevalorização do real e a falta de uma política industrial acabou por dar continuidade à desindustrialização iniciada nos anos 1990.

O modelo ”nacional-consumista” se transformou numa bolha pronta pra estourar. O modelo era insustentável a médio prazo.

I) A redistribuição não alcançou as estruturas da desigualdade brasileira, sendo realizada dos estratos médios da pirâmide social brasileira para a base, sem no entanto afetar a concentração entre os 10% que se encontram no ápice da hierarquia econômica. Além disso, houve uma inflação de serviços que, diante da queda de produtividade, se abateu justamente sobre esses estratos médios;

II) Como a indústria ficou à margem, o crescimento do consumo gerou dividendos reais fora do Brasil, o que também acabou por afetar a balança de pagamentos, mesmo em um período de boom das commodities.

Lulla-lá perdeu a oportunidade de realizar uma verdadeira reforma tributária para alavancar o processo de redistribuição sem necessidade de uma ação revolucionária. Outro modo de driblar a inflação de serviços era aumentar a qualidade e universalizar a educação e a saúde pública. Mas o governo PT tomou medidas contrárias, tornando o brasileiro refém de planos de saúde, dentre outros equívocos. O investimento em institutos federais voltados para a educação técnica foi um acerto, mas que se tornou inócuo diante da ausência de uma desvalorização cambial e de uma política que revertesse a desindustrialização.

A experiência demonstrou que qualquer plano de crescimento fundamentado naqueles dois elementos citados inicialmente não passa de uma ilusão de ótica, de uma miragem. Tanto o mercado de commodities quanto o tripé macroeconômico tem por função servir os mesmos intermediários financeiros que, no fim das contas, corroem a economia brasileira.

[o comércio de commodities é oligopolizado por mega-empresas controladas por instituições financeiras, e que lucram com a especulação de preços e com a manipulação dos mercados futuros.]

Por André Luiz Dos Reis