Desemprego no país sobe para 13,8% em julho, maior taxa desde 2012

Desemprego no país sobe para 13,8% em julho

Por Uallace Moreira – O desemprego no país subiu para 13,8% em julho, maior taxa desde 2012.

Se somarmos a taxa de desocupação com a taxa de desalento (13,8% + 5,7%), temos uma “taxa de desemprego de 19,5%. Isso pode piorar e explico os motivos.

Outro indicador que aponta para a situação delicada do mercado de trabalho é a taxa de desocupação das pessoas na semana de referência dos trimestres de maio a julho de 2020. É a maior taxa desde de 2012, com 13,8%.

A taxa composta de subutilização também continua crescendo para níveis substancialmente elevados. Em 2020 ela alcança 30,1%. O pior é que essa taxa vem crescendo desde 2015, por duas razões:

a) Baixo dinamismo da economia brasileira desde 2014.

b) A reforma trabalhista.

Observem que o crescimento da taxa de desocupação acontece desde 2015, ou seja, desde a aprovação da famigerada reforma trabalhista, com a tendência de precarização das condições do mercado de trabalho. É uma mudança estrutural e isso é preocupante.

Outro fato preocupante é que o número de pessoas desocupadas continua crescendo, alcançando 13.130 milhões de pessoas. Mais uma vez, percebam que o crescimento também acontece desde 2015, em decorrência do baixo dinamismo da economia brasileira desde 2014.

A contrapartida do elevado nível de desocupação é a queda do número de pessoas ocupadas, 82.027 milhões. É o menor número de ocupação da história do período recente, desde 2012.

Observem que o nível de ocupação é o menor da história: apenas 47,1% da população está ocupada. Isso é um indicativo para o crescimento de duas variáveis no curto prazo:

1º. Crescimento da taxa de desocupação.
2º. Crescimento da taxa de desalento.

Ou seja, pode piorar.

Quando comparamos a taxa de crescimento da ocupação na semana de referência em relação ao trimestre do ano anterior, fica em evidência a gravidade da crise no mercado de trabalho, com taxas negativas seguidas de -3,4% e aumentando para -12,3%.

A taxa de desalento é outro indicador também que aponta para a delicada situação do mercado de trabalho. A taxa de desalento apresenta uma tendência de crescimento desde 2015 e se agrava mais no período recente, ficando em 5,7%.

Por que a taxa de desalento é preocupante? Basicamente, porque as pessoas perderam a esperança de encontrar empregos, desistiram de procurar empregos. Isso afeta toda sociedade e representa, em parte, o desastre da economia brasileira.

Quando consideramos a massa de rendimento real, de acordo com o IBGE, para o trimestre móvel de abril a junho de 2020, temos R$ 203,016 bilhões de reais, o que significa uma queda de -7,02%.

Se somarmos a taxa de desocupação com a taxa de desalento, temos uma “taxa de desemprego” de 19,5%, o que deixa em evidência o cenário crítico para o mercado de trabalho brasileiro, pois essa realidade está associada à precariedade das condições do mercado de trabalho.

Conclusão: Com a deterioração das condições do mercado de trabalho, o governo insiste em reduzir o auxílio emergencial para R$ 300 e o discurso de ajuste fiscal, principalmente reduzindo o investimento. Isso afeta, diretamente, o consumo das famílias e o investimento.

O consumo das famílias e os investimentos público e privado são os principais dinamizadores do mercado interno brasileiro. As reformas, historicamente, já mostraram que não geram crescimento. Continuar com essas políticas é a garantia do baixo dinamismo econômico do país.

Por Uallace Moreira, mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da UNICAMP e  professor da Faculdade de Economia da UFBA.

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