Futuro do Trabalho precisa conversar sobre quem tem acesso a internet

teletrabalho

Por Neudes Carvalho – Não se pode negar que a internet é a Infraestrutura e ferramenta chave na criação e adaptação das novas rotinas de trabalho. Devido a Pandemia do Corona Vírus, muitos nichos e muitos profissionais precisaram repensar a organização do trabalho e as formas de relações do mundo corporativo.

Mas a conjuntura Brasileira está preparada para esses desafios? Quais são esses desafios?

Muitos grupos de profissionais ainda estão se adaptando a novas dinâmicas de execução das suas funções, tarefas rotineiras e as atividades que demandam os trabalhos em grupo e não só o individual.

E a Internet?

O Trabalho remoto é tendência irreversível? O home office e os trabalhos remotos já apontavam um futuro diferenciado muito antes da pandemia. O perfil e a rotina de trabalha estão visadas em mudanças  há muito tempo. E esse movimento já é observado por várias organizações a nível mundial, desde 2016, pelo menos. O Teletrabalho por exemplo, é o setor mais visado, com maior aderência e atividade na atualidade. O teletrabalho ou home office já é uma realidade  de 45% das empresas ouvidas pela Sociedade Brasileira de Teletrabalho, em uma pesquisa realizada em 2019. Essa movimentação já justifica esses números e muitas empresas avaliando implementar as praticas com expectativas de melhor produtividade  e maior satisfação dos trabalhadores. Pode se agregar também flexibilidade à jornada de trabalho, redução de mobilidade urbana e melhor qualidade de vida.

O Brasil está preparado para esses cenários?

O Caos causado pela pandemia revela a questão de exclusão e falta de Infraestrutura, realidade histórica do Brasil. Pensando no cenário Pós pandemia, como o país conseguirá lidar com a nova tendência muito real e próxima? As falhas tecnológicas, antes menos notadas, revelam – se brutais nos dias atuais, inúmeros debates demonstram a falta de estrutura  e capacidade e como esses fatores influenciam a vida dos brasileiros. Claramente o Brasil não dispõe  de capacidade tecnológica para atender  ao crescimento de uso dessa demanda  da população ativa para postos de trabalhos. Um grande exemplo é a defasagem na educação, milhares de estudantes prejudicados por não terem acesso à internet.

Esses gargalos se agravam, se observarmos as dificuldade de acesso não só à internet, mas também equipamentos e dispositivos adequados. As diferenças de classe social, localidade e estrutura da moradia dos trabalhadores e muitos outros fatores, por isso, a experiência do home office se torna ainda mais desafiadora. Em se tratando de empregos, sabemos que a classe trabalhadora vive em iminente ataque às leis trabalhistas, por isso, necessário observar o quanto essas novidades beneficiará quem já vive em situações de vulnerabilidades. A precarização do trabalho no Brasil tem classe, raça e gênero. Cada vez mais precisamos tencionar para que as novas tendências não instrumentalizem mais situações de desigualdades sociais.

Nas periferias, por exemplo, trabalhar em casa esbarra na qualidade da internet. Muitas trabalhadoras e trabalhadores tentam equilibrar a rotina de trabalho com os escassos recursos que dispõe em casa. Isso nos chama a atenção para a questão do empregador que, na maioria das vezes deve disponibilizar equipamentos para os trabalhadores.

O acesso à internet é democrático no Brasil?

Muitas residências ainda não tem acesso a internet e dispositivos conectados, além de um celular. Esse dado impacta diretamente a vida dos trabalhadores que podem vir a precisar da nova adaptação, e até mesmo novos inserção no mercado de trabalho com o novo modelo de teletrabalho ou home office. Essa pesquisa foi realizada e publicada em 2019 pela TIC Domicílios 2019, dados da pesquisa: “Segundo dados da pesquisa, 20 milhões de domicílios não possuem Internet (28%) e, nos últimos anos, observou-se uma redução da presença de computadores (computador de mesa, notebook e/ou tablet) nas casas dos brasileiros. Outro dado significativo é que um a cada quatro brasileiros não usa a Internet, totalizando 47 milhões de não usuários. Entre aqueles que alegam ter acesso à Internet, 99% afirma fazer esse uso via celular, sendo que 58% acessam a Internet somente pelo celular. Quando se faz um recorte por classe social, os dados são reveladores. Quanto ao acesso à Internet de banda larga e por meio de dispositivos variados (considerando computadores, notebooks, tablets e celulares), as classes A e B vivenciam uma realidade bem díspar da população que se encontra nas classes DE. Dados da própria pesquisa revelam que 85% da população das classes DE concentram uso exclusivo via celular. Considerando a crescente demanda por conexão e por dispositivos adequados para atividades profissionais, essa realidade é preocupante.”

O objetivo desse artigo é escurecer alguns pontos importantes e chamar para reflexões gritantes: Antes da pandemia éramos uma nação de 13 milhões de desempregados, estamos batendo a marca de 17 milhões de desempregados na pandemia. Como será Pós pandemia? Quem terá acesso a um novo posto de trabalho? Quem poderá desfrutar das novas tendências do mercado de trabalho?

O mercado de trabalho é impactado e será cada vez mais. Neste cenário, quais são os desafios para empregados e empregadores? As adaptações para essas tendência de trabalho não são automáticas e rápidas. Exigem acesso a informação, tecnologia e internet de qualidade, segura e inclusiva. Precisamos ter um olhar coletivo, urgente e fiscalizados no que diz respeito a politicas públicas de acesso à infraestrutura.

Para o futuro do trabalho, quem terá o direito de não estar conectado ao trabalho?

Por Neudes Carvalho, mãe da Aysha, está Pré candidata a vereança em Sp, Vice Presidenta do diretório Municipal do PDT e Presidenta do Movimento Negro do PDT de Sp.

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