As garras imperialistas no Banco do Brasil

As garras imperialistas no Banco do Brasil
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Em visita a Dallas, em pleno território do Império Norte-Americano, Paulo Guedes falou em uma fusão entre o Banco do Brasil e Bank of America, comparando ao “sucesso” da experiência da Boeing com a Embraer.

Já falamos como a sanha imperialista que assola o Brasil tomou pontos nevrálgicos de nosso tecido industrial na cadeia de petróleo e seus derivados: os lucros da Petrobras, mostrando que a suposta desalavancagem da estatal é apenas uma desculpa para a entrega do pré-sal e do nosso parque de refino; a tomada da Braskem com apoio da chantagem judicial em cima de seus acionistas; a entrega da TAG, uma verdadeira artéria do sistema de Gás Natural brasileiro.

A entrega do Banco do Brasil para o Bank of America se insere nesse contexto de recrudescimento do imperialismo norte-americano, que assombrado pelo temor de uma crise iminente, posterga o debacle extraindo mais e mais excedentes do terceiro mundo. Suas ações são estratégicas e atacam pontos centrais da estrutura produtiva brasileira: o setor energético, petróleo, a indústria aeroespacial, indústria química e agora o tão privilegiado setor financeiro.

O Banco do Brasil foi uma das primeiras instituições financeiras das Américas. Fundado em 1808, desempenhou muita das funções de Banco Central do Brasil por meio da Superintendência de Moeda e Crédito (SUMOC) até o golpe de 1964. Uma de suas subsidiárias foi a Cobra S/A, que desempenhou um papel central no pequeno surto de tecnologia nacional em informática nos anos 80, graças a um sólido projeto nacional para o setor combinado com protecionismo (nada diferente do que países como Alemanha ou EUA fazem). Até hoje, com o novo nome de BB Tecnologia e Serviços, é uma das poucas empresas nacionais que desenvolve tecnologia no setor.

O Banco do Brasil possui uma estrutura societária majoritariamente controlada pela União, que detém pouco mais de 52% de sua estrutura acionária. Outros 24,2% pertencem a pessoas físicas e jurídicas nacionais, com destaque para o fundo Previ dos funcionários do próprio Banco do Brasil. A penetração estrangeira já chega a 23,6%.

Em virtude dessa estrutura, o Banco do Brasil desempenha importantes papéis na economia nacional. A instituição detinha em 2017 quase 60% do mercado de financiamentos agrícolas, ajudando os produtores nacionais a entrar nos protegidos mercados europeus e norte-americanos com preços competitivos. Por ser o segundo maior banco do país em totais de ativos e o terceiro maior em patrimônio líquido, é capaz de agir como motor anticíclico durante as recessões econômicas. Possui a segunda maior rede de agências no país, atrás apenas do Bradesco, que passou a estatal depois que fundiu com o HSBC.

Para um Projeto Nacional de Desenvolvimento é imperativo que se combata o rentismo financista que parasita as economias nacionais. No caso do terceiro do mundo, esse vampirismo é ainda pior, haja vista as dificuldades para o financiamento dos investimentos necessários para alavancar o parque industrial nacional e a produção de tecnologia brasileira. Abrir mão de uma instituição pública capaz de realizar essa ponte entre a poupança nacional e a reindustrialização do país é o equivalente nacional a um tiro na têmpora. Os bancos privados estão mais interessados em sangrar o país pelos juros exorbitantes pagos à dívida pública, engordando seus já indecentes lucros.

Quando combinamos a entrega do Banco do Brasil com a capitalização privada da Previdência, podemos enxergar o todo do plano antinacional de Paulo Guedes. Trata-se de um intricado esquema para extrair excedente diretamente dos trabalhadores brasileiros, sugando seu futuro por meio da contribuição à previdência privatizada para a manutenção do presente decadente do império norte-americano.

Os inimigos do Brasil têm uma agenda clara. Rasgam nosso tecido industrial e destroem a previdência juntamente com a parte nacional do setor financeiro, visando extrair a poupança nacional dos trabalhadores brasileiros para a manutenção dos seus impérios decadentes. Paulo Guedes confessou em bom inglês seu plano sórdido para o Banco do Brasil, do qual não podemos separar a capitalização privada da Previdência.

É chegada a hora dos brasileiros retomarem a bandeira nacional e pensarem o Brasil estrategicamente.

Referências:

Guedes fala em fusão entre BB e Bank of America durante evento em Dallas

https://www.bbts.com.br/images/pdf/balanco_2017_publicado.pdf

https://oglobo.globo.com/economia/os-cinco-maiores-bancos-do-brasil-20938419

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_maiores_bancos_do_Brasil

https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_do_Brasil#cite_note-23

https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/03/29/Quantas-s%C3%A3o-e-como-se-distribuem-as-ag%C3%AAncias-banc%C3%A1rias-no-Brasil

https://www.valor.com.br/financas/5361475/tamanho-dos-bancos-divide-especialistas

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-33002015000200039&lng=pt&nrm=iso