Guerra Comercial: EUA avança sobre Europa, Canadá e México

Guerra Comercial: Presidente dos EUA, Donald Trump, recebe Angela Merkel, chanceler alemã, na Casa Branca, Washington.
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Após um mês de negociações separadas dos Estados Unidos com México, Canadá e União Europeia, o governo americano anunciou ontem que aplicará sobretaxas de 25% para o aço importado destes países e 10% no caso do alumínio.

A notícia gerou alvoroço no mercado financeiro internacional, ocasionando uma série de quedas nos índices de bolsas de valores dos Estados Unidos e da Europa. Reflexos positivos incidiram somente sobre as ações de empresas americanas produtoras de aço e de alumínio, como a US Steel Corp, a AK Steel e a Century Aluminium, que sentiram valorizações acima dos 3%.

A decisão faz parte de uma revisão da política comercial dos EUA e entrará em vigor a partir da meia-noite desta sexta-feira (1), conforme anunciado pelo Secretário de Comércio Wilbur Ross. Trata-se de mais um episódio do que está sendo chamado de “Guerra Comercial”.

Juridicamente, o lastro da decisão do governo americano se encontra na Seção 232 do Trade Expansion Act (Lei de Expansão do Comércio), de 1962, que trata da preservação da segurança nacional.

Dessa forma, as tarifas planejadas objetivam evitar o fechamento de indústrias americanas. A mesma seção da Lei de Expansão do Comércio está sendo cogitada para proteger o mercado americano da importação de autopeças, carros e caminhões de outros países.

O Brasil, segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, também será atingido pelo protecionismo comercial de Donald Trump. No caso brasileiro, o setor de aço aceitou trabalhar com um limite de cotas de exportação, enquanto o setor de alumínio aceitou a restrição de 10% de sobretaxa sobre o alumínio nacional.

Diversos países serão afetadas por essas medidas. O México já respondeu às tarifas americanas impondo suas próprias a uma lista razoável de produtos, principalmente alimentos e mesmo o aço.

Chrystia Freeland, a Ministra de Relações Exteriores do Canadá, reputou ser “francamente absurdo” que o Canadá seja considerado, em qualquer sentido, uma ameaça de segurança nacional aos Estados Unidos.

Já o governo alemão declarou que a medida unilateral dos EUA é “ilegal”. O Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas afirmou que a única resposta ao “América Primeiro” (America First) só pode ser “Europa Unida” (Europe United).

A União Europeia julga que as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) foram violadas. Bruxelas sinalizou raivosamente contra a decisão americana e há consenso, entre os analistas europeus, de que o comércio transatlântico está diante de um conflito de larga escala.

Internamente, algumas vozes dissonantes também se manifestaram nos EUA. Referindo-se ao momento de tensões envolvendo o país com a Coreia do Norte e o Oriente Médio, a atual vice-presidente do Asia Society Policy Institute, Wendy Cutler, criticou o fato de os Estados Unidos se afastarem de aliados tradicionais num momento tão delicado no cenário internacional.

Em relação à China, o Secretário Wilbur Ross está de viagem agendada ao país asiático para discutir assuntos comerciais. As tensões comerciais entre os dois países desaceleraram, porém ainda há muito a ser definido. Fato é que, enquanto os EUA experimentam turbinar o protecionismo, a Ásia se conforma cada vez mais como núcleo do comércio internacional.