Huawei e a estratégia de diversificação da atividade produtiva

A estratégia da Huawei é a mesma que levou as empresas da Coreia do Sul terem amplo sucesso. Ou seja, são grandes oligopólios que atuam em atividades relacionadas e não relacionadas.
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A Huawei participou da Beijing International Automotive Exhibition 2020, mostrando seu desejo em avançar mais no setor automotivo. É a mesma estratégia dos Chaebols sul coreanos.

A empresa deixou claro seu interesse em se inserir na indústria automobilística, setor que está passando por uma revolução tecnológica que verá os carros se tornarem “mais inteligentes”.

Embora seu fundador e presidente, Ren Zhengfei, tenha dito que a Huawei não tem planos de fabricar carros, a empresa está cada vez mais avançando em direção ao seu objetivo de conectar seu hardware e software a veículos inteligentes conectados à internet.

A estratégia da Huawei é a mesma que levou as empresas da Coreia do Sul terem amplo sucesso. Ou seja, são grandes oligopólios que atuam em atividades relacionadas e não relacionadas.

Os Chaebols são empresas nacionais criadas durante a trajetória dos Planos Quinquenais na Coreia, entre os anos 1960 e 1980. São empresas familiares criadas pelo governo para promover o desenvolvimento nacional do país.

Os principais Chaebols, como Samsung, Hyundai, LG e Daewoo, tinham mais de 80 empresas afiliadas, cada uma participando de uma ampla gama de indústrias, incluindo semicondutores, eletrônicos de consumo, construção, construção naval, automóveis, comércio e serviços financeiros.

Os Chaebols são empresas altamente diversificadas em atividades relacionadas e não relacionadas, deixando claro que estratégias de diversificação relacionadas e não relacionadas visam a diferentes benefícios econômicos com requisitos organizacionais conflitantes às empresas.

Na crise da Covid, as grandes empresas sul-coreanas estão sendo essenciais no combate à crise, investindo em inovação e em áreas sociais, como mostrei nesta coluna.

Pelo visto, as grandes empresas chinesas também estão seguindo nessa linha de diversificação das atividades produtivas e contribuição para o desenvolvimento nacional.

É importante considerar que na China o controle do governo Xi Jinping e do Partido Comunista sobre a atuação das empresas privadas no país é muito maior. Recentemente, Xi anunciou maior controle sobre as empresas privadas para enfrentar a Nova Era.

O governo chinês tem usado de vários instrumentos para fortalecer as empresas estatais no país e, ao mesmo tempo, ter maior controle sobre as empresas privadas.

Xi Jiping está instalando mais funcionários do Partido Comunista em empresas privadas, privando parte do crédito e exigindo que os executivos adaptem seus negócios para atingir as metas do Estado.

Com essa política de Xi, verifica-se que proporção das empresas privadas que possuem Comitês do Partido Comunista na sua estrutura organizacional aumentou de 4% para 48% em 25 anos.

As organizações partidárias são mais difundidas nas grandes empresas, presentes em 92,4% das 500 maiores empresas privadas da China, de acordo com o relatório anual “500 maiores” de 2019 da ACFIC. Essa participação na indústria é de 62%.

Para mostrar como “mercado” é predominante na China, vejam como Xi Jinping, pessoalmente, formou um consenso para tomar medidas contra o IPO, do Jack Ma.

Na China, Xi Jinping deixa claro que a soberania nacional está acima de tudo.

Como resultado do controle do governo sobre as empresas e na disputa entre Jack Ma e Xi Jinping, Jack Ma ofereceu o braço financeiro da Alibaba para apaziguar as relações com Xi Jinping.

Em artigo publicado na edição impressa da Revista Carta Capital, Elias Jabbour mostrou a peculiaridade da “estatização à chinesa”, analisando o processo atual de crescimento das forças das estatais na China nas empresas privadas.