Os economistas ortodoxos (conservadores, dito de outra forma) lançaram ontem um manifesto de apoio à vacinação, incluindo proposições para a melhoria da gestão na vacinação. A iniciativa é válida, só acho que demoraram um pouco. Batemos nessa tecla há muito tempo.
Daí vocês podem me questionar e dizer que eu estou sendo sectário ao falar dessa forma, e que o momento é de união como diz o texto. Bem, realmente a inciativa é importante, como já disse, mas vou explicar uma coisa a vocês: sectários foram eles.
Vocês viram algum economista heterodoxo dentre os mais atuantes no debate econômico assinar o texto? Ah, tem a Laura…mas a Laura entrou na lista depois que reivindicou… na verdade, nenhum economista heterodoxo foi convidado, e parece que essa era a regra.
Então, quem foi sectário, na verdade? E sabe qual é o ponto real da questão? É que os heterodoxos iriam, corretamente, apontar que não dá para realizar avanços decentes no combate à pandemia com o teto de gastos que está aí.
E nem com o processo de desmonte do Estado que vários economistas ortodoxos defendem. É só lembrarmos que temos o Programa Nacional de Imunização, o maior do mundo, e que, a partir de 2019, o número de vacinas e a cobertura vacinal caíram drasticamente.
Não é um simples problema de gestão; é o desmonte do Estado e a abertura desenfreada às importações que eles mesmos apoiam que está contribuindo para não termos vacina (sem falar no apoio, desde a campanha, ao atual presidente negacionista em troca da agenda liberal…).
Enfim, a iniciativa é boa, mas não deixa de demonstrar, nas entrelinhas, tudo que eles pensam sobre a economia. Não apoiam mais o presidente? Ah, estão sentindo na pele… mas há tempos que as políticas sociais estão sendo dizimadas pelo teto que eles criaram.
E, só para deixar claro, não sou contrário ao controle da evolução da dívida pública a médio e longo prazo. Só não é possível apoiar um teto como este, absolutamente irrealista e prejudicial a um país tão desigual. Mudar o teto é essencial para melhorar o combate à pandemia.
Neste grave momento, os ricos deveriam estar dando sua contribuição pagando mais impostos.
