As mentiras sobre a inflação nesse 7 de setembro

As mentiras sobre a inflação nesse 7 de setembro
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Recentemente concedi uma entrevista ao flow podcast (maior podcast do Brasil) e fiz uma crítica ferrenha à “teoria quantitativa da moeda”, expondo que não há necessariamente relação entre a expansão fiscal e o aumento dos preços, tampouco a redução da taxa básica de juros.

Fiz isso em uma linguagem simples, para que as pessoas pudessem entender. Inclusive na questão sobre o estado que emite sua própria moeda não possuir restrição financeira. Ou seja, no limite, não quebra. Agora algumas pessoas estão confundindo o que disse e tentando me imputar contradições e erros devido à alta na inflação de preços dos alimentos. Como se ela fosse resultado da equação monetarista ultrapassada, que relaciona, como já enfatizei, o aumento dos gastos do governo, a injeção de liquidez na economia, com a elevação do preço dos produtos.

Por isso vamos aos fatos: os alimentos estão subindo por dois fatores.

1°: desvalorização do real e seus impactos nos preços relativos (aqueles insumos e produtos que importamos e não produzimos no Brasil).

2°: pela rápida recuperação chinesa que está demandando como nunca muitas commodities brasileiras, como soja, arroz e outros insumos básicos. Essa demanda tem afetado a oferta desses alimentos no Brasil, deixando essas mercadorias escassas e contribuindo, junto a desvalorização do real, para o aumento do IPCA.

Conclusão: não devemos aumentar a taxa de juros e muito menos tocar uma política de austeridade, pois não é essa a raiz do atual impacto inflacionário no Brasil! Devemos continuar lutando pelo fim do teto de gastos, pelo aumento do investimento público e por uma reforma tributária progressiva e que estabeleça um novo regime de justiça social. Não vamos cair no erro.

E também não vamos cair no populismo barato de querer novamente valorizar o real ante ao dólar, uma ânsia de curto prazo que políticos adoram para alçar popularidade e evitar desgastes momentâneos com a perda do poder de compra da população até que os indicadores se estabilizem e uma nova economia produtiva floresça.

No longo prazo, o câmbio nesse patamar, estável em R$ 5,00, dá segurança e previsibilidade aos agentes econômicos produtivos, somando-se a outros indicadores macroeconômicos e uma alavancada vertiginosa no investimento público, garantindo a eficiência marginal do capital, que no jarguês econômico keynesiano, é basicamente a renda esperada ou o retorno financeiro pela decisão de investimento, sendo que ela é tomada a partir da expectativa de alta demanda e de lucro superior a taxa básica de juros, levando em conta depreciação e custos fixos.

Somente esses fatores combinados podem possibilitar um projeto nacional de desenvolvimento, com o horizonte de reindustrialização e modernização de nosso tecido econômico, garantindo a geração de empregos de maior qualidade, com a garantia da proteção do regime de trabalho formalizado e que remunerem melhor o nosso povo, elevando a produtividade média e a renda per capita em nosso país.

Esse é um custo necessário e que tem resultados absolutamente positivos em relação ao avanço de nosso polo produtivo e o crescimento da renda do nosso povo no longo prazo.

A exemplo, a China pratica um regime de dumping cambial. Lá atualmente, um dólar equivale a 7 yuans, mas já chegou a valer 13/14 yuans. Isso é importante para sustentar a competitividade dos produtos nacionais.

E é bom ressaltar que no ano passado a China ultrapassou o Brasil em termos de renda per capita.

Vamos aprender a não cair mais nos contos neoliberais! E viva a independência do Brasil!

As mentiras sobre a inflação nesse 7 de setembro