O neo-varguismo atual é uma regressão ao pensamento cepalino

O neo-varguismo atual é uma regressão ao pensamento cepalino
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Um dos motivos da crise do pensamento cepalino (Cepal) e o surgimento da Teoria Marxista da Dependência foi a constatação de que a industrialização latino-americana, especialmente no México, Argentina e Brasil, não reduziu ou ameaçou a dependência.

Antes o contrário. A industrialização, especialmente a partir do final da II Guerra Mundial, APROFUNDOU a dependência, com o capital estrangeiro controlando o setor de bens de capital e indústria pesada, configurando os países latino-americanos como consumidores de bens de capital produzidos no centro do sistema, mantendo, é claro, o controle sobre os processos científicos e a diferença de produtividade de capital.

Surge, então, o conceito de industrialização periférica ou dependente.

Um certo neo-varguismo atual regride ao pensamento cepalino dos anos 50 e fala de industrialização em geral. Como se aumentar a composição da indústria no PIB fosse sinônimo de menor dependência, necessariamente.

Triste. Mas não surpreso.

Leiam “Subdesenvolvimento e revolução” de Ruy Mauro Marini para entender de verdade a questão.

  1. Esquece-se o Sr. Jones do Estado Novo, período ímpar na história do Brasil no qual obteve-se a independência efetiva. No período 51-54, Vargas já havia perdido seu poder.

  2. É interessante esse “pensamento econômico” que desconsidera a economia. Me parece muito mais uma simples rejeição a Vargas do que qualquer outra coisa.
    A industrialização não precisa necessariamente estar vinculada a interesses estrangeiros, muito pelo contrário.
    Rejeitar a retomada da industrialização, hoje claudicante, só para rejeitar o conceito “varguista” não é um caminho sequer razoável.
    O Brasil precisa firtalecer sua economia e distribuir renda através de empregos e salários. Por mais que alguém tema ou odeie Vargas, é impossível negar isso. Seria algo parecido como defender a tese da “terra plana”… 🙂

  3. Na minha visão, o varguismo vincula a industrialização a um movimento nacionalista e popular. A industrialização feita com as receitas da agroexportação não começou com o ingresso de capital estrangeiro. Começou com uma aliança de classes que expandiu o mercado interno de manufaturados. Na verdade, a penetração do capital estrangeiro, como você bem colocou, se aprofunda a partir do pós guerra. Então é nesse momento que o K estrangeiro começa a tomar controle de mercados já criados pelo movimento nacionalista. O capital estrangeiro não abriu mercados internamente, mas se apropriou dos que já existiam. É a partir daí que a industrialização, no Brasil, começa a assumir seu caráter contraditório, ou dependente. Nesse momento, o varguismo também começa a se esgotar, e o pacto de classe se desloca em função do K estrangeiro.

  4. Um processo dialético seria o ideal nessa discussão, até pq, as chances de um socialista chegar a presidência de maneira democrática é nula. Para os camaradas comunistas, um cenário reformista seria o terreno fértil para tão sonhada revolução, o problema é q esses mesmos camaradas querem tudo ou nada, e essa nada é o governo atual.

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