“Nova Economia do Projetamento” como novo modo de produção

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A “Nova Economia do Projetamento” pode ser vista tanto como um novo modo de produção quanto uma abordagem alternativa no sentido de captar as recentes transformações operadas no seio do setor socialista da economia chinesa. Trata-se de um novo modo de produção na medida em que o socialismo na China começa a indicar a ruptura da “planificação orientada ao mercado” surgida na segunda metade da década de 1990 para uma tipologia de planificação orientada ao “projeto”.

Esse novo modo de produção é uma variação avançada tanto do socialismo de tipo soviético quanto do “socialismo de mercado” chinês. As grandes empresas estatais não operam ora puxadas pela demanda, ora orientadas ao lucro. É orientada pelo o que Ignácio Rangel chamava de “projeto criador de utilidade”.

Qual o elemento estratégico cujo domínio caracteriza este novo modo de produção em detrimento dos anteriores? Relembro que no escravismo o domínio sobre o escravo era o determinante. No feudalismo, a terra. No capitalismo, o capital. No socialismo, o domínio público dos gânglios vitais do processo de acumulação (incluindo terra, empresas e finança).

O desenvolvimento desses instrumentos sob o socialismo, ao caso chinês, tem elevado a capacidade estatal de empreender grandiosos projetos dentro e fora do país. Logo, o domínio público de todas as capacidades estatais criadas sob o “socialismo de mercado” se transforma no elemento fundamental que dá contornos a esta nova economia que surge na China.

Diária e de forma quase espartana tenho trabalhado essa hipótese que estou levantando. Simplesmente cheguei ao ponto em que as teorias convencionais, ortodoxas e heterodoxas, não estavam servindo para responder as questões que me atormentam desde o pacote fiscal de US$ 680 bilhões lançado em novembro de 2008 na China.

Desde então a face do modo de produção dominante àquela (nova) formação econômico-social mudou muito. E ao mudar levou consigo algumas teorias. Concordo com Marx e Rangel. Se muda a face do sistema, deve-se mudar as teorias correspondentes à nova realidade. Eis o meu humilde esforço pessoal na busca de elaborar ferramentas próprias para entender àquela (nova) realidade.

Por Elias Jabbour

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