Pandemia expõe o fracasso das políticas de austeridade

Pandemia expõe o fracasso das políticas de austeridade
Botão Siga o Disparada no Google News

A comparação de Bolsonaro entre Brasil e Suécia é impossível. Quem afirma é o cientista brasileiro, Professor Titular da UERJ e Professor Convidado Regular do Karolinska Institutet da Suécia, Antonio Ponce de Leon, em entrevista que marca a estréia do jornalista correspondente Wellington Calasans como um dos quadros do Portal Disparada.

Pandemia expõe o fracasso das políticas de austeridade

Ponce de Leon cita como exemplos o elevado percentual de pessoas que moram sozinhas no país nórdico e também a possibilidade de realizar os trabalhos a partir de casa, em oposição à realidade brasileira que é caracterizada por famílias grandes que dividem o mesmo espaço e a informalidade da maioria dos trabalhos, decorrente das políticas de austeridade iniciadas com Joaquim Levy e aprofundadas com Paulo Guedes.

O cientista carioca – que mora parte do ano em Estocolmo – destaca que “o sistema de saúde sueco é robusto, tem estrutura e recursos humanos para atender muito mais pacientes até do que tem atendido nos últimos meses com a pandemia. Enquanto no Brasil, em alguns estados e alguns municípios, essa capacidade (de atendimento do sistema de saúde) já foi esgotada”, afirma Ponce de Leon lembrando os casos de Manaus e Rio de Janeiro.

A concentração da mortes entre os idosos suecos que viviam em asilos também foi alvo de crítica do cientista brasileiro que conhece como poucos a situação da saúde pública da Suécia. As privatizações que culminaram com a baixa remuneração e qualificação dos profissionais dos asilos estão no centro dos problemas identificados e incorrigíveis, pois as mortes já ocorreram.

Antonio Ponce de Leon adverte para a impossibilidade de afirmar se a curva de contágio e mortes no Brasil, América do Sul e América Latina como um todo está numa crescente ou decrescente. Para o cientista, nenhum país pode afirmar que está livre da pandemia, pois é algo que pode demorar até um ano para se ter uma certeza de números finais. Este fator também é decisivo para que o número de mortes nos países ainda seja imprevisível.

Em 2016 Ponce de Leon foi entrevistado por Wellington Calasans e alertou para que o cenário brasileiro fosse dramático, o que está sendo confirmado desde a aprovação da PEC do congelamento. Naquela oportunidade, Ponce opinou com base nos estudos do cientista britânico, pesquisador-sênior da Universidade de Oxford e pesquisador da London School of Hygiene and Tropical Medicine, David Stuckler sobre os impactos das políticas de austeridade nas condições de saúde dos países com algum tipo de crise.

De Estocolmo — Wellington Calasans para o Portal Disparada

Assista ao vídeo da entrevista no canal do Youtube do Disparada: