O problema não é preço do dólar, é a sua volatilidade

GILBERTO MARINGONI O problema não é preço do dólar, é a sua volatilidade
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Desculpem, mas o dólar a R$ 4,30 não é um problema em si. Pode ser um patamar positivo para aumentar saldos na balança comercial e forçar um processo de ressubstituição de importações. Isso aconteceu entre 1999 e 2003, possibilitando uma rápida recuperação da indústria de manufaturados e semimanufaturados.

O problema é a volatilidade cambial – ou seja, a instabilidade no mercado de câmbio – e seus efeitos em uma economia com propensão a importar insumos e produtos vitais para seu funcionamento, além do endividamento em dólar de quem buscou crédito em condições melhores no mercado externo. E, claro, a classe média que planejava “dar um pulinho lá fora” no final de ano terá de refazer seus planos.

O problema também é a acelerada fuga de dólares para o exterior, antevendo turbulências internas. Começado o movimento, o efeito manada pode ser o passo seguinte. Nesse caso, a profecia se autorrealiza. Podemos ter um aumento na volatilidade que logo se transforma em crise cambial.

Se tivéssemos em vigor a proposta de Paulo Guedes, de possibilitar depósitos em dólar nos bancos nacionais, a correria pela moeda forte nos levaria a um desastre imediato.

Nunca nos esqueçamos da máxima de Mário Henrique Simonsen: “Inflação aleija, crise cambial mata”.

O problema não é o dólar a R$ 4,30. É o dólar cada dia a um preço.