São Paulo também está à venda

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O Brasil deixou de ser uma nação e passou a ser uma empresa comercial à venda. Vende o pré-sal, vende a Embraer, vende a Eletrobras, vende o estádio do Pacaembu, e agora vende as avenidas marginais de São Paulo.

Uma nação é um povo que tem uma história comum, um projeto de desenvolvimento, e um Estado que sirva como principal instrumento desse projeto. Uma nação democrática constrói um sistema econômico voltado para o bem comum. Uma nação capitalista garante uma taxa de lucro satisfatória para seus empresários, emprego e salários crescentes para os trabalhadores. Promove, portanto, o desenvolvimento econômico. Para alcançá-lo, usa um segundo instrumento, o mercado, que, quando existe competição, é uma instituição de coordenação econômica insubstituível.

Desde 1990 a nação brasileira está combalida. Desde 2016, não existe mais. Entregou-se aos interesses de rentistas e financistas. Eles e os políticos e economistas que os representam
• não têm um projeto nacional, mas estão identificados ao sistema financeiro-rentista internacional,
• não garantem taxa de lucro satisfatória para os empresários industriais,
• não garantem emprego e bons salários para os trabalhadores,
• transferem para o “mercado”, ou seja, para os rentistas e financistas, todo e qualquer ativo público, “privatiza-os”, tornando-os fonte de rendas elevadas e seguras, pouco importando que esses ativos não estejam sujeitos à competição, não podendo, portanto, ser coordenados pelo mercado.

Neste caso da concessão das marginais de São Paulo, estado e município se declaram prontos a fazer uma “parceria” com o setor privado. Entregam seu patrimônio (o patrimônio público) e se dispõem a pagar um aluguel sobre esse patrimônio em troca de transferir para a futura concessionária os custos de manutenção das avenidas e alguns investimentos adicionais não-prioritários. Só falta agora vender a Avenida Paulista, e estaremos todos no paraíso.

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira