“Somos todos keynesianos”

Como Friedman fez, o mercado também faz: ironiza a importância da participação do Estado sobre o ambiente econômico.
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“We are all Keynesians now”.

Quando Milton Friedman cunhou esta frase, estava próximo de seu auge acadêmico. Já tinha publicado a sua mais famosa obra, Capitalism and Freedom, em 1960, e, anos depois, em 1976, receberia o prêmio Nobel em economia por sua contribuição ao estudar a relação entre inflação e desemprego (Inflation and Unemployment), período em que já lecionava na universidade de Chicago nos Estados Unidos.

De tempos em tempos, podemos observar a retomada da famosa frase dita por Friedman. Contudo, quando foi cunhada, não tinha o objetivo de enaltecer as contribuições keynesianas para o desenvolvimento econômico. Foi uma sátira atribuída aos anos anteriores dos chamados “Golden Ages” do capitalismo, que Eric Hobbsbawn menciona em a Era dos Extremos, e seria pra sempre lembrada, em tempos de desespero do Mercado, como método trágico de contestação da participação do Estado no desenvolvimento econômico. Como Friedman fez, o mercado também faz: ironiza a importância da participação do Estado sobre o ambiente econômico.

Na rede de televisão estatal norte americana PBS, em 1980, Milton Friedman estrelou a sua famigerada série televisiva “Free to Choose”, que posteriormente seria título de outra obra, em que conseguiu disseminar com enorme êxito o ideário neoliberal para diversos públicos que estavam aquém do debate econômico acadêmico, e, posteriormente a ascensão declarada com a injeção na política por Margaret Thatcher (1979-1990) e Ronald Reagan (1981-1989). Pronto, o mundo era agora oficialmente liberal (pelo menos no discurso).

Contudo, a contestação é clara, em tempos de desespero nos mercados, o ambiente de discussão econômica costuma constantemente modificar a pauta. O espaço para a intervenção estatal por meio da política monetária torna-se essencial para se apaziguar os temores da incerteza, acalmar principalmente as expectativas de curto prazo, e passa a ter espaço nos veículos de comunicação. Exemplos práticos podem ser vistos ao longo da história, que costumam ser amenizados pelo mainstream econômico, que usualmente repudia a sua relevância. Como em 1929 (Crash da Bolsa), 1971 (Fim do Padrão-Ouro de Conversibilidade), 1996 e 1997 (Crise dos Tigres Asiáticos), 2000 (Crise de Wall Street), 2008 (Quebra do Lemann Brothers) e novamente, em 2020 (Guerra Comercial, Coronavírus e Petróleo).

Agora, em 2020, podemos ver todos estes sintomas presentes novamente sobre a economia: o Estado sendo requisitado não mais como o vilão, mas como o salvador das distorções, o mercado acanhado, perdendo adeptos a cada queda no em seus números índices, a disposição da imprensa em ceder espaço para os keynesianos, a rápida movimentação dos bancos centrais para conter as perdas de curto prazo e estimular a demanda agregada (Federal Reserve, Banco Central Europeu, Banco Central do Brasil e outros).

Friedman sempre esteve certo, nós somos todos keynesianos.

  1. Engraçado! Havia mais de um ano que não escrevia uma linha se quer, em lugar nenhum. Hoje, Tomei a iniciativa e escrevi um pequeno esbolso em meu perfil do Facebook. Lá, eu falo um pouco, desses Marcos divisórios dos tempos modernos, que hoje, é o Coronavírus. Estou de acordo, com sua linha de pensamento econômico, quando aponta as divisões Como em 1929 (Crash da Bolsa), 1971 (Fim do Padrão-Ouro de Conversibilidade), 1996 e 1997 (Crise dos Tigres Asiáticos), 2000 (Crise de Wall Street), 2008 (Quebra do Lemann Brothers) e novamente, em 2020 (Guerra Comercial, Coronavírus e Petróleo). Um grande sinal de suas teorias, foram confirmadas hoje, 16/03/2020, onde os bancos estatais, BB e CEF, puxaram a fila para outras bancos privados, anunciarem medidas no mesmo sentido, de suspenderem por 60 dias, seus recebíveis. Parabéns pela assertivas.

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