A transição socialista e o domínio burguês

Por Gustavo Gindre - Há um problema jamais resolvido pelas experiências históricas ditas socialistas. Trata-se da diferença entre o fim jurídico da propriedade privada dos meios de produção e a construção de uma sociedade onde os meios de produção sejam efetivamente "comuns a todos".
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Por Gustavo Gindre – Há um problema jamais resolvido pelas experiências históricas ditas socialistas. Trata-se da diferença entre o fim jurídico da propriedade privada dos meios de produção e a construção de uma sociedade onde os meios de produção sejam efetivamente “comuns a todos”.

A propriedade estatal é apenas a superação jurídica da propriedade privada, que agora pertence, de fato, àqueles que controlam o Estado. Mas isso poderia ser apenas uma transição, certo?

Ocorre que as sociedades ditas socialistas estão sempre sob ataque. E esse ataque impede que tais sociedades façam a transição da propriedade estatal para o efetivo controle pelos “comuns”. Ao contrário, a tendência quase biológica de auto-preservação contra os ataques obriga que a propriedade seja cada vez mais controlada pelo Estado. E esse Estado cada vez mais controlado por uma pequena elite “revolucionária”.

Ou seja, a propriedade deixa de ser privada de direito, mas jamais deixa de ser privada de fato. E o que era para ser uma transição se torna um fim em si mesmo.

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Se Marx acreditasse que o problema central a enfrentar era o domínio da burguesia ele teria escrito um livro chamado O Burguês, onde denunciaria o sistema chamado de burguesismo.

Não foi por acaso que ele escreveu O Capital, denunciando o capitalismo.

A diferença entre uma coisa e outra é gigantesca, mas parece esquecida.

Por: Gustavo Gindre.