Aldo Rebelo afirma que educação e segurança pública devem ser as prioridades do governo de São Paulo

Seminário Fundação PSB Aldo Rebelo
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No último sábado, 17 de março, o ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República Aldo Rebelo (PSB) participou do “Seminário: A Presença de São Paulo no Mundo”, organizado pela Fundação João Mangabeira, do PSB, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ciências de Governo.

O evento sediou palestras e debates sobre temas que devem ser abordados nas eleições no estado de São Paulo. O objetivo da Fundação João Mangabeira foi elaborar um documento a ser apresentado ao pré-candidato ao governo do estado de São Paulo Márcio França (PSB) para auxiliá-lo na elaboração de seu programa de governo.

São Paulo na história do Brasil

Aldo Rebelo iniciou sua intervenção com uma reconstrução da história e importância de São Paulo na construção nacional. “A primeira identidade do brasileiro” – disse o ex-ministro – “foi a identidade construída pelo paulista”. O paulista, filho do português com o índio, era rejeitado pelos colonizadores por não ser europeu e rejeitado pelos índios por ser um pouco europeu. Tornou-se, para a história, o bandeirante, desobediente ao Tratado de Tordesilhas e, por isso, criador do enorme território brasileiro.

Tendo solo de ótima qualidade e regime de chuvas regular e abundante, São Paulo rapidamente desenvolveu sua economia, o que não passou desapercebido pelas nações desenvolvidas. “A USP, por exemplo, era chamada de departamento ultramar da França”, mencionou Aldo. São Paulo crescia, mas não levava o País junto. “A região foi se tornando cada vez menos voltada para o País”.

O restante do Brasil reagiu a isso. Esse papel dissonante de São Paulo com relação aos demais estados culminou na guerra civil de 1932. “O ano de 1932 é o marco decisivo que tira de São Paulo o protagonismo histórico que desempenhou desde a fundação do País”.

Para Aldo Rebelo, é importante que o paulista tenha uma visão crítica sobre o papel do estado na história do Brasil. Essa visão, contudo, não ofuscaria a contribuição do povo paulista ao País. O ex-ministro mencionou, como principais heranças deixadas pelos paulistas ao Brasil, o tamanho do território brasileiro, o desenvolvimento econômico da nação e a consolidação de instituições públicas fundamentais à sociedade.

A questão nacional

Em seguida, o ex-ministro pautou o que considera ser fundamental para o futuro do País: a questão nacional.
“Quando o País cresce, há dinheiro para se fazer tudo; quando não, não há dinheiro para nada”. O primeiro grande desafio dos candidatos à eleição presidencial de 2018, segundo Aldo Rebelo, é dizer como o País vai voltar a crescer. Sem crescimento não se gera emprego de qualidade, não se mantém a previdência e não se distribui renda, de acordo com o pré-candidato à Presidência da República.

Para tanto, é fundamental o que o ex-ministro chama de “união nacional”, devendo-se abandonar a ideia de que mercado e Estado são elementos que se excluem na equação que levará o País ao desenvolvimento. O País precisa, para Aldo Rebelo, de mais mercado e de mais Estado. O ex-ministro citou a China como exemplo disso. O país do yuan cresceu em produção de tecnologia, aumentou o salário do trabalhador – cuja hora trabalhada já é mais cara que a do trabalhador brasileiro – expandiu seu mercado e tem mais Estado do que nunca. “A China foi o país que mais criou bilionários nos anos recentes. Quanto mais a China se desenvolve, mais rico fica o mundo”. O investimento público que o governo dos Estados Unidos fez em pesquisas de genética de gado foi outra situação usada como exemplo pelo ex-ministro. Segundo Aldo, o país norte-americano produz mais carne vermelha com 90 milhões de cabeças de gado do que o Brasil com 200 milhões. Os pecuaristas brasileiros, disse o ex-ministro, não vão bancar essas pesquisas do próprio bolso. Seria nesse cenário que o Estado agiria, desempenhando um papel que beneficiaria não só a sociedade como um todo como o produtor de carne do Brasil.

Aldo Rebelo situou a importância de São Paulo para a questão nacional: “São Paulo é a porta de entrada do mundo para o Brasil, e é a porta de saída do Brasil para o mundo. Crescimento e dinamismo sempre foram a marca de São Paulo”.

Primeira prioridade: educação

Para o ex-ministro, o primeiro ramo que deve ser priorizado pelo próximo governador é o da educação pública. Segundo Aldo Rebelo, São Paulo foi pioneira no investimento em educação. “Nas cidades do interior de SP, as escolas públicas são os prédios mais bonitos. A escola não era, para o povo e os governos de São Paulo, um serviço público; era uma ideologia. A elite de São Paulo sempre pensou que a formação de uma mão de obra qualificada fosse importante para o desenvolvimento do mercado e do Estado. O resto do País, como sempre, passou a pensar da mesma forma”.

De uns tempos para cá, contudo, isso foi perdido, de acordo com o ex-ministro. É necessário, portanto, retomar a valorização da escola pública como promessa da redução da desigualdade social e cultural do povo brasileiro. Para Aldo, “aumentar salários, por exemplo, reduz a desigualdade momentaneamente, porque depois esse salário pode não subir mais; a educação de qualidade dada a uma criança, por outro lado, é levada por ela até o fim da vida”. Como exemplo prático do que disse, o ex-ministro mencionou o notável número de cidadãos cearenses que estão estudando em instituições como o ITA, o IME e a Escola Naval. Para Aldo Rebelo, o cidadão cearense ocupa um relevante número de cadeiras nessas escolas porque da década de 90 em diante o governo do estado do Ceará priorizou a educação pública como destino do investimento público.

Segundo o ex-ministro, é benéfico para toda a sociedade que a educação pública seja de qualidade, inclusive à parcela do empresariado brasileiro que defende a privatização do sistema de ensino. De acordo com ele, as corporações não dão conta de educar a maior parte do povo, e é de interesse geral – inclusive da iniciativa privada – “que o trabalhador saiba ler um manual sem se complicar. Se um operário vai ficar 3 dias ou 15 dias afastado, isso depende do médico que o atende no posto de saúde”.

Segunda prioridade: segurança pública

Em seguida, Aldo Rebelo apontou o segundo tema que deve ser priorizado pelo próximo governador do estado: a segurança pública. O ex-ministro ressaltou a importância de apresentar à população, de forma didática, o significado de “direitos humanos”, no intuito de dissociá-los da ideia de que se prestam à “defesa de bandidos”.

Aldo Rebelo falou também que é importante que não se generalize as forças de segurança como “más”. A polícia, de acordo com o ex-ministro, é fundamental para a democracia, pois seu dever primário é garantir a segurança e a ordem. Para tanto, o policial deve ser valorizado.

O pré-candidato à Presidência pelo PSB ainda criticou o atual governador do estado Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência pelo PSDB, por ter escolhido Pérsio Arida para comandar seu programa de governo quanto à economia. De acordo com Aldo Rebelo, Pérsio Arida é alguém que mora há anos em Nova York e acha que “derivativos vão salvar a humanidade”.

O ex-ministro encerrou sua participação no evento dizendo que São Paulo pode fazer o que há de melhor na educação e na segurança pública, “não porque São Paulo é melhor que os outros, mas porque tem as melhores condições”.

Aldo Rebelo para o Portal Disparada

Em seguida, Aldo Rebelo foi entrevistado pelo Portal Disparada e respondeu a duas perguntas. O Portal quis saber, primeiramente, qual será a posição do PSB nas eleições de 2018. Em segundo lugar, como resolver a crise entre os Poderes eleitos (Legislativo e Executivo) e as corporações judiciais, o Poder Judiciário e o Ministério Público. Confira o que disse o ex-ministro: