Após recuperar direitos políticos, Lula propõe volta ao passado

Após as corretas anulações das condenações de Sergio Moro, juiz declarado incompetente e em vias de se tornar suspeito, Lula voltou a ser Lulinha paz e amor em discurso na sede dos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC.
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Após as corretas anulações das condenações de Sergio Moro, juiz declarado incompetente e em vias de se tornar suspeito, Lula voltou a ser Lulinha paz e amor em discurso na sede dos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC.

Apesar das declarações de impacto (“fui vítima da maior mentira jurídica em 500 anos de história”; “a dor que eu sinto não é nada, diante da dor de milhões e milhões”; “peão de fabrica sabe como esquentar marmita”), o que Lula propôs, no fundo, foi uma volta ao passado. Àquele passado das conquistas sociais importantes mas insuficientes do petismo: política assistencialista financiada com exportação de produtos primários. É a volta, ou melhor, é a continuidade do neoliberalismo com açúcar, sem projeto nacional e sem planejamento.

Assim Lula desenha o quadro para 2022: repetir 2018, apontando, como solução, a época em que o quilo da carne não custava R$ 40,00 e em que o povo podia substituir a rodoviária privatizada pelo aeroporto privatizado.

Embora o slogan estampado ao fundo mostrasse “saúde, emprego e justiça para o Brasil” como palavras de ordem, Lulinha paz e amor não disse nada sobre mudanças estruturais capazes de devolver ao Estado o protagonismo na condução da política econômica. Nenhuma palavra sobre os principais desafios causados pela pandemia, sobre a agenda supostamente reformista do Congresso Nacional, sobre o regressivo sistema tributário brasileiro ou sobre a estrutura produtiva criadora das maiores desigualdades do mundo.

Parece que a “6ª economia do mundo” dos anos dourados do PT não resistiu à política econômica desindustrializante encampada por Lula e à baixa cíclica dos preços internacionais das commodities.