A realidade concreta do autoritarismo: imperialismo e regime de poder

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O socialismo real de tipo soviético, expressão concreta do marxismo em grande parte do leste europeu e Rússia (veja que a Coreira Popular é uma formação econômico-social completamente distinta dentro desse mesmo “gênero”) tinha esse caráter autoritário não por uma questão ideológica, mas sim pela sua concreta inserção em um sistema-mundo predominantemente capitalista, que assolava com imperialismo os países daquela região.

Veja que a tal “democracia burguesa” não só é uma exceção no terceiro mundo como bastante controvertida no próprio primeiro mundo. Podemos questionar se havia extensão universal do “estado de bem-estar social” , esteio fundamental da tal democracia, dentro dos países europeus, como os “trabalhadores visitantes” na Alemanha, todo o sul da Itália o os imigrantes do Magrebe na França (isso sem contar o regime racial dos EUA nos 30 gloriosos). Mas na medida em que a própria normalidade democrática dependia da estabilidade econômica e essa só podia existir graças ao imperialismo por meio das transnacionais, a manutenção dessa pretensa democracia assentava-se sobre a espoliação autoritária do terceiro mundo, na forma de regimes diretamente coloniais ou na violência de regimes ditatoriais alinhados com as nações dominantes.

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Pelo mesmo motivo, a democracia liberal é praticamente incompatível com a dependência dos países de terceiro mundo, existindo somente nos interstícios de forte crescimento econômico global e mesmo assim raramente, O tal autoritarismo soviético e de muitas outras formações-econômico sociais anti-imperialistas, mesmo as de caráter não-marxista (nasserismo, varguismo, peronismo, aprismo, etc) era a forma de se organizar países muito mais fracos dentro da economia e geopolítica mundiais contra um agressor muito mais poderoso e estabelecido.

Mesmo assim, admito um certo grau de liberdade relativa dentro dos regimes liberais, cuja defesa é taticamente valiosa para as organizações da classe trabalhadora. Contudo, igualmente podemos ver na forma-partido típica do socialismo real soviético traços de liberdade relativa , ainda que bem distintos. A emancipação do domínio de mercado sobre família, os (progressivamente mais escaços) espaços partidários de democracia direta, a relação das forças produtivas com as decisões de investimento, a mobilização de massas em momentos cruciais de defesa patriótica… enfim, abundam os exemplos. Nunca deixou de ser contraditório, como tudo que é real.

Agora, se é fácil enxergar a forma-partido soviética como regime de poder, por que não a democracia liberal burguesa? E qual foi mais eficiente no sentido de emancipação dos povos de terceiro mundo e consequente libertação dos potenciais do ser humano?