Bolsonarismo – O autoengano como expressão da impotência

Diz que não vai comprar vacina (mas vai); que apoia Trump (mas já entrou em contato com Biden); que vai ter "nova política" (mas está casado com o centrão); que vai nomear pro STF um ministro terrivelmente evangélico (e chega um católico do centrão), etc.
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Por Christian Lynch – Se há algo que me intriga no bolsonarismo, é com o pouco com que se contentam. Porque Bolsonaro não lhes entrega quase nada do que promete. Ele ilude sistematicamente sua base de reacionários, arremessando-lhe mentiras como Chacrinha jogava bacalhau na plateia.

Diz que não vai comprar vacina (mas vai); que apoia Trump (mas já entrou em contato com Biden); que vai ter “nova política” (mas está casado com o centrão); que vai nomear pro STF um ministro terrivelmente evangélico (e chega um católico do centrão), etc.

Na medida em que aceitam o governo menos como tal do que como programa de auditório, eu me pergunto até que ponto os bolsonaristas se contentam com o show que lhes oferecido, porque sabem que sua utopia reacionária é uma impossibilidade.

Tudo se passa como se os bolsonaristas soubessem, no fundo, que dar marcha a ré na história é impossível. E por isso se contentam com o prazer infantil do autoengano, do xingamento, da expressão irracional dos ressentimentos acumulados.

Por: Christian Edward Cyril Lynch.