Diante de tantas questões nebulosas que pairam sobre uma provável presidência do capitão da reserva Jair Bolsonaro, o seu programa de governo, precariamente exposto, com enormes contradições, com discursos contraditórios entre seu economista e seu vice, ambos que tiveram imposto um silêncio obsequioso quando de falas que geraram repercussão, sua relação com empresários, as dúvidas sobre a lisura do seu financiamento de campanha, enfim, perante todo esse estado de completa confusão e incerteza, uma coisa está dada: internacionalmente um governo Bolsonaro jogará o Brasil na lama, o tornando pária mundial.
A esmagadora maioria dos órgãos de imprensa com prestígio no mundo, dos conservadores até os liberais, dos de tendência esquerdista até os mais à direita, rechaçam uma figura que é tida como símbolo do que há de mais atrasado, do autoritarismo, do preconceito, do racismo, do machismo, da homofobia, contra o meio ambiente, de discurso populista, de fazer apologia à morte, de ser símbolo do obscurantismo religioso. Enfim, o capitão é descrito na imprensa internacional como tudo que não presta e como tudo aquilo que a civilização Ocidental livre e democrática abomina.
Muitos no Brasil e no mundo associam a figura de Jair Bolsonaro com a de Donald Trump, uma suposta semelhança de discurso e na simbologia, do momento de ascensão de um discurso antiliberal representado por figuras de extrema direita. No entanto, as descrições nada alvissareiras sobre Bolsonaro não encontram nenhum paralelo em Trump. O presidente americano não foi poupado de críticas, muito pelo contrário, mas elas, até por seu comportamento e suas ideias bem menos extremistas e extravagantes que as de Bolsonaro, jamais chegaram ao patamar das direcionadas ao presidenciável brasileiro. Trump nunca foi merecedor de artigos que acusavam-no de tantas coisas, lhe atribuíam tantos adjetivos negativos como é o caso agora com Bolsonaro.
The New York Times (EUA), que o chama de escolha triste para o Brasil e de populista, rude e agressivo; The Economist (Reino Unido), que o descreve como perigo extremista e a mais nova ameaça ao continente; The Times (Reino Unido), que o adjetiva de populista perigoso; Corriere dela Sierra (Itália), que em artigo assevera que Bolsonaro representa um pesadelo; e também no prestigioso Zeit (Alemanha), que descreve o presidenciável brasileiro que lidera a corrida eleitoral como um fascista que se apresenta como honesto.
Nunca o Brasil teve sua imagem internacional associada a coisas tão horríveis, degradantes, asquerosas e ignóbeis como agora. E não creiam que o impacto disso fique apenas no jogo de palavras: as relações comerciais do Brasil com países de tradição democrática estarão fortemente prejudicadas. Como diz um conhecido especialista em Relações Internacionais, é capaz que se Bolsonaro tiver de ir ao exterior vender um biscoito brasileiro, defronte esse cenário de absoluta ojeriza à sua figura, talvez no final ele tenha que pagar para os outros comerem esse biscoito. Associar-se ao Brasil de Bolsonaro não é um custo que todos estarão dispostos a arcar.
Aqui alguns exemplos do que a imprensa internacional anda a dizer sobre Jair Bolsonaro:
Estados Unidos
– The New York Times: “Brasil flerta com um retorno aos dias sombrios”;
– Financial Times: “O ‘trágico destino’ brasileiro de uma rebelião antidemocrática surge novamente”;
– Huffington Post: “Jair Bolsonaro e o violento caos das eleições presidenciais no Brasil”;
– Revista Time: “Jair Bolsonaro ama Trump, odeia gays e admira autocratas. Ele pode ser o próximo presidente do Brasil”;
Alemanha
– Deutsche Welle: “Analistas alemães veem democracia no Brasil em risco”;
– Zeit: “Um fascista se apresentando como homem honesto”;
– Frankfurter Allgemeine: “Alerta vermelho para democracia”;
– Sueddeutsche: “O demagogo do deserto é de repente uma nova estrela política no Brasil”;
Reino Unido
– The Economist (capa): “A mais nova ameaça na América Latina”;
– The Economist: “O perigo representado por Jair Bolsonaro”;
– The Times: “Jair Bolsonaro, populista ‘perigoso’ promete tornar o Brasil seguro”;
– The Guardian: “Trump dos trópicos: o perigoso candidato que lidera a corrida presidencial do Brasil”;
Austrália
– The Australian: “Conheça o candidato que é um risco à democracia”;
– The Australian: “Bolsonaro, o candidato de preferência no Brasil fomenta violência”;
– The Sydney Sunday Herald: “Por que alguns no Brasil estão se virando para um explosivo candidato de extrema-direita para presidente?”;
Portugal
– O Público: “Bolsonaro, o jagunço à porta do Planalto”;
– Diário de Notícias: “Jair Bolsonaro é perigo real no Brasil e segue passos de Adolf Hitler”;
França
– Le Figaro: “Brasil nas garras da tentação autoritária”;
– Liberation: “No Brasil, um ex-soldado para liquidar a democracia”;
– Le Monde: “Trump tropical, homofóbico e machista”;
Espanha
– El País: “Bolsonaro é um Pinochet institucional para o Brasil”;
– El Mundo: “Líder polêmico. Bolsonaro: o candidato racista, homofóbico e machista do Brasil”;
– El Confidencial: “Jair Bolsonaro: o ‘Le Pen tropical’ que pode ser o próximo presidente do Brasil”
Itália
– Corriende della Sierra: “O anti-ambientalismo de Bolsonaro jura guerra contra índios e florestas”;
– Corriende della Sierra: “Homicídios, provocações: no Brasil a vitória de Bolsonaro determinou a violência”;
– La Republica: “Bolsonaro, líder xenófobo e antigay que dá o assalto à Presidência do Brasil”;
Suíça
– Neuen Zürcher Zeitung: “O faxineiro racista do Brasil”;
Polônia
– Gazeta Prawna: “Trump brasileiro e outros. Escândalos de corrupção abrem caminho para o poder dos populistas”
Chile
– El Mercurio: “Bolsonaro assusta com soluções simplistas e autoritárias”;
Argentina
– La Nacion: “Linha dura e messianismo: Bolsonaro, o candidato mais temido, se lança para a presidência”;
– El Clarín: “Jair Bolsonaro: militarista, xenófobo e favorito para a eleição brasileira”.