Boulos presidente em 2022

O candidato à prefeitura de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos, é o 1º lugar na arrecadação de recursos via financiamento coletivo
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Por Milton Temer – TÁ LEGAL….os porta vozes da direita fisiológica, pragmática e desideologizada, sempre à disposição de tenebrosas transações com o governo de ocasião, senore a serviço do grande capital, podem sair por aí, já tirando ilações sobre 2022 em todos os poderosos meios de comunicação de que dispõem. Podem se apresentar com os nomes de suas preferências, à sucessão presidencial.

MAS ALGUÉM DE ESQUERDA ousar dizer que a performance de Boulos em São Paulo o cacifa para uma candidatura presidencial em 2022 seria “arrogância” anti-unitária. Haveria de esperar o que Lula, em seu retiro, depois de sucessivas indicações derrotadas nas municipais, decidisse o que pretende.

AH…MAS HÁ QUE CONSIDERAR o número ainda expressivo de prefeituras nos grotões, mais uma meia dúzia em cidades médias, de vida própria e sem peso na política nacional, para manter a “não arrogante” hegemonia do neoPT. Depois de o decidido em sua cúpula, aí sim, os demais simples mortais poderiam se manifestar.

SEM ESSA, COMPANHEIROS. Não foi o neoPT quem fez a maior bancada de vereadores no Rio. Foi o PSOL, a despeito de não ter estado na disputa dos mais votados na majoritária. Não foi o neoPT que elegeu um prefeito de capital. Foi o PSOL, em Belém. Não foi o neoPT que deu a linha na eleição mais significativa, do ponto de vista eleitoral e político – São Paulo -. Foi o PSOL com Boulos e Erundina.

MAIS QUE ISSO. Não é o PSOL que está com contas a ajustar com PDT e PSB. É o neoPT que está na linha de tiro desses dois partidos. Partidos que não defino como organicamente de esquerda, mas que têm em seus quadros militantes de esquerda respeitáveis.

PORTANTO, SIM. Falando a partir da minha insignificância deliberativa, como simples militante de base do partido que ajudei a fundar, tenho todo o direito de não dar à direita dita civilizada o privilégio de assumir hegemonia da frente anti-bolsonaro. Essa frente não me representa, mesmo que inclua Ciro Gomes cujas últimas declarações são acintosas afirmações de, na melhor, se pretender candidato de uma moderada centro-esquerda.

TENHO TODO O DIREITO de abrir debate interno em minhas fileiras sobre o que nos reserva para 2022. Porque respeito, mas não concordo, com o capitus diminutius que se pretenda impor de forma acomodada com um lançamento de Boulos à Câmara, com vistas a formar grande bancada; certamente o faria em São Paulo. Mas nas demais unidades da Federação, o que uma candidatura a deputado em São Paulo de um nome já projetado nacionalmente nos traria? Nada.

O PSOL já aprendeu com Heloisa Helena que, abrir mão de um projeto nacional em nomes de uma eventual possibilidade de vitória regional pode resultar em desastre. Perdemos o protagonismo na disputa nacional, e não chegamos à vitória no plano regional.

NA PERSPECTIVA de uma luta anticapitalista no Brasil, não é uma ruptura insurrecional que vai levar a esquerda ao Poder. É a disputa presidencial. É o único momento político em que, do gaúcho do Pampa ao extrativista da Amazônia, todos se concentram na discussão sobre modelo de sociedade.

ELEGER UM PRESIDENTE que não traia compromissos programáticos nem se entregue à conciliação de classes é o caminho mais factível para a abertura de possibilidades de avanços realmente transformadores da estrutura social perversa em que sobrevive nosso povo.

POR ISSO, e sem consultar Guilherme Boulos, dou meu pitaco. Sua candidatura à Presidência da República, levando em conta o previsível clima de crise ascendente em que nos veremos mergulhados com a indefectível política anti-social e pró-grande capital que norteia o governo miliciano, se torna fato natural. E, em política, quem se contrapõe ao natural, bom caminho não traça.

Luta que Segue, com Boulos Presidente em 2022.