Datafolha confirma: Brasileiro é contra pauta liberal

Fica evidente que o brasileiro não concorda com o receituário ultraliberal de Paulo Guedes e companhia. Também fica claro que a parca teia de proteção do estado brasileiro é muito cara aos cidadãos. Não será tão fácil desmontá-la.
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Na pesquisa divulgada no último sábado (5), o Datafolha confirmou o que todos já sabemos: o brasileiro, na economia, não compra a pauta liberal do nosso baronato.

A pesquisa consistia na resposta de duas questões elaboradas pelos pesquisadores, reproduzidas a seguir.

“O governo deve privatizar, ou seja, vender para empresas privadas, o maior número possível de estatais?

Para esta, 44% dos entrevistados disseram “discordar totalmente”, enquanto 17% discordam em partes, 15% concordam parcialmente e 19% discordam totalmente. Um resultado acachapante, incontroverso. O brasileiro não aceita vender seu patrimônio. E não faltam corretores do mau agouro a tentar nos convencer do contrário.

“É preciso ter menos leis trabalhistas?”

O resultado foi igualmente definitivo: 43% dos entrevistados discordaram. Juntaram-se a estes, 14% que afirmam “discordar em partes”. Entre os que concordaram parcial ou totalmente (17% e 22% respectivamente), nota-se a presença massiva de homens ricos, da região sul e sudeste.

Outro ponto curioso é que, ao contrário do que se pensava, os partidários do presidente parecem convencidos de sua pauta entreguista e antipovo. Para 65% dos apoiadores de Bolsonaro entrevistados, a privatização irrestrita é positiva. Para efeitos comparativos, entre os eleitores do PSDB (tradicional refúgio dos ricos do Brasil), este número é de 41%. Os liberais brasileiros sempre sujam as mãos com o autoritarismo quando julgam necessário.

Fica evidente que o brasileiro não concorda com o receituário ultraliberal de Paulo Guedes e companhia. Também fica claro que a parca teia de proteção do estado brasileiro é muito cara aos cidadãos. Não será tão fácil desmontá-la.

Por fim, ao campo popular, uma lição. Quando tratamos o nosso povo com inteligência, como Lula fez em 2006 quando colou em Alckmin a pecha de privatista, ele responde com sabedoria. Quando tratamos com desdém, ludibriando o eleitor faltando 20 dias para eleição com um candidato visivelmente impossibilitado de concorrer, ele responde com truculência.

Passadas as mágoas, este espaço espera que a oposição seja capaz de tratar o eleitorado com o respeito devido.