Brizola, 99

Por Gilberto Maringoni – Já publiquei esta charge algumas vezes. Ela é de 21 de junho de 2004 e homenageava um furacão que se extinguia naquele dia.

De todas as lideranças de esquerda surgidas no pós-Vargas e que chegaram ao primeiro plano da vida nacional, nenhuma foi tão completa como Leonel Brizola. O gaúcho combinava um sofisticado entendimento do que é Nação, Estado e Império, sem perder de vista suas sólidas raízes populares. Isso tudo se misturava com uma coragem política rara e uma capacidade de comunicação surpreendente.

Brizola tinha um defeito: era excessivamente centralizador, como dirigente e como liderança. Jamais conseguiu formar um partido com alguma organicidade. Seu PDT era ele e uma plêiade de figuras oscilantes, com raras e boas exceções. Mesmo sem uma agremiação que lhe desse suporte – o que limitava a ação nacional – seu desempenho no primeiro turno da eleição presidencial de 1989 é espantoso, assim como foi espantosa sua transferência de votos para Lula, naquele segundo turno.

Brizola se preparou – desde que deixou o governo do Rio Grande do Sul, no início de 1963 – com afinco para chegar à Presidência. O golpe lhe podou as possibilidades por vinte anos. Quando voltou do exílio, em 1979, retomou uma trajetória coerente e de uma retidão exemplar.

O dia de hoje marca os 99 anos de nascimento do gigante de Carazinho. É, coincidentemente, o mesmo dia em que se comemoraria o 130º. aniversário de Antonio Gramsci. São duas lideranças muito distintas, de tempos e lugares também diferentes.

Mas vale a pena refletir sobre ambas nesses tempos sombrios.

Por: Gilberto Maringoni.

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