RICARDO CAPPELLI: Freixo jogou luz: gigantes ou pigmeus?

Marcelo Freixo Foto: Sérgio Lima
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Foi curiosa a reação de vários atores da campo progressista à decisão corajosa do deputado Marcelo Freixo.

Muitos dos que elogiaram a atitude estavam com seus rostos cobertos pelo vermelho da vergonha. Outros preferiram fingir que não viram. Diante de decisões grandiosas, o pequeno fica minúsculo.

Vivemos uma ameaça fascista? O Estado Democrático de Direito está realmente ameaçado? O presidente da República almeja um poder totalitário? Não é isso que escrevemos todos os dias?

Se a preocupação é verdadeira, qual a conseqüência efetiva? Este diagnóstico gravíssimo não muda nada? Vamos para uma eleição como a de 2016? Projetos partidários estão acima dos interesses da nação? Vai vigorar o cada um por si?

É este mesmo o “grande exemplo” que os dirigentes dos partidos progressistas vão dar para os desempregados, para os excluídos e ameaçados pelo arbítrio? Estes são os “altruístas” que colocam os interesses do povo acima das preocupações com o próprio umbigo?

Sinceramente, me desculpem o desabafo, mas é preciso ter um mínimo de vergonha e responsabilidade.

A história está gritando. O povo chora todos os dias os seus mortos. A fome começa a bater na porta dos brasileiros. Os comerciantes estão vendo seus negócios falirem. Um mar de dramas e incertezas está tomando o país.

O fascismo está em marcha batida na maior crise de nossa história. É uma traição qualquer um que se diz progressista colocar picuinhas ou interesses particulares acima da nação.

Num cenário como este, tem cabimento, “pelamordeDeus”, termos quatro ou cinco candidatos no Rio sem nenhuma chance de vitória? Chega a ser vergonhoso. Não querem derrotar Bolsonaro? Ou isso é apenas discurso para a militância ingênua?

Faz sentido em São Paulo, principal cidade do país, vigorar um festival de “candidaturas-marca-posição”? Faz sentido o mesmo se repetir em outras capitais do país?

O gesto grandioso de Freixo jogou luz na derrota trágica que se avizinha. O mínimo que os partidos do campo progressista deveriam fazer é suspender todas as candidaturas nas capitais. Amanhã. E marcar uma reunião. Imediatamente.

Pra quê? Para decidir como derrotar o genocida em cada capital do país. Como? O candidato da unidade pode ser da esquerda? Pode. Pode não ser? Também pode.

Os progressistas têm que dar este exemplo em respeito ao sofrimento das famílias largadas à própria sorte. Roosevelt, Churchill e Stálin, com visões antagônicas de mundo, se uniram para derrotar Hitler. Aqui vai prevalecer essa briguinha inútil? O que é isso?

Façam isso em nome dos brasileiros. Façam isso em nome do país. Façam isso enquanto existe democracia.

Gigantes ou pigmeus? A história vai cobrar.

Marcelo Freixo Foto: Sérgio Lima
Foto: Sérgio Lima

  1. Não sei se o desepero diante de uma situação trágica resolve alguma coisa. Isso é controverso. Respeito, no entanto, é claro, qualquer opinião.
    A decisão de Freixo sem dúvidas foi madura e acertada, mas achar que “todos os partidos progressistas” têm que se pautar por isso, é viagem.
    Não há sequer uma liderança popular no Rio de Janeiro em torno da qual possa se agregar partidos para a formação de um projeto factível.
    Há bons nomes, como Martha Rocha, Carlito e o próprio Freixo, mas todos são lideranças wm formação e o somatório de seus votos não garante uma vitória, por si só, diante da tragédia que se abateu sobre o Rio.
    Há que se pensar, refletir, formular?Sim. Mas nada é tão simples que se resolva. Com mero diletantismo ou com elocubrações ou divagações.
    A situação é grave e precisa ser discutida com o máximo de seriedade.

  2. E quando foi que o PT abriu mão de alguma candidatura pada apoiar a de outro partido? Na boa, o que mata a oposição é uma cambada da cúpula petista que acha o partida a última bolacha do pacote, e coloca seus interesses acima de qq coisa. Fizeram agora há pouco, em 2018.

  3. Não me leve a mal, mas acho que se quer dar um verniz de herói em uma atitude normal de quem tem um discurso que não convence ninguém – a não ser nossos idealistas e ingênuos estudantes universitários, que devido à quarentena e todas as complicações que terão em seu ano letivo, talvez não se interessem em votar no Freixo – é forçação de barra.
    Não há político bonzinho. São jogadores e nunca sabemos o que está por trás das decisões de políticos brasileiros, sempre tão maquiavélicos – todos.
    Vamos em frente. Que se consiga um candidato à altura da cidade do Rio de Janeiro. Alguém que não faça politicagem e apenas cuide da cidade, seus moradores, seus patrimônios e destino.

  4. A real é que se os partidos todos se sentassem para debater pragmaticamente uma estratégia eleitoral, teria de haver a coragem de colocar rejeições em perspectiva e assumir posições significativamente difíceis como o fato de que PT e PSol não possuem qualquer candidatura competitiva nas capitais do sudeste e sul do país. Incluindo Freixo, que com mais de 60% de rejeição hoje, jamais teria a menor condição de ser eleito no atual contexto do Rio de Janeiro. Coisa que o articulista romanticamente ignora. Talvez, por ser sua própria analise uma perspectiva de pigmeu.
    Sejamos claros, para se ter efetivamente “um mínimo de vergonha e responsabilidade”, é preciso assumir a posição eleitoral contraproducente de PT e PSol nessa porção sudeste a sul do país e parar de romantizar a renuncia de um pré-candidato fadado a atrapalhar o desafio eleitoral contra o facismo.

    No sudeste, realisticamente, São Paulo é França PSB; BH é Kalil PHS; Rio não seria Freixo!
    Agora explique isso ao arregimento PT-Psol e convença-os dessa história de gigantes e pigmeus.

    PS: Sugiro exercício de analise semelhante no sul, centro-oeste e norte.

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