Bolsonaro tem sido coerente com o que defendeu durante todo o pleito: “temos que acabar com esta coisa de coitadinhos”.
O rompimento com o cubano Mais Médicos é uma tragédia social que recairá sobre os ombros de prefeitos e governadores. As pessoas moram nas cidades, ninguém vai à Brasília quando precisa de um médico.
Para o Capitão, a medida tem dois resultados. Reforça seus laços ideológicos com a classe média apaixonada por Miami e aumenta a pressão sobre os políticos. Segue a lógica de reduzir o papel do Estado, em especial do governo federal, reforçando a “prensa” pela aprovação dos reformas.
Estados e municípios estão à beira de um colapso fiscal, com raríssimas exceções. A pressão por mais serviços de saúde vai fazer a febre alta virar convulsão. Dona Maria não quer saber se o médico é federal, estadual ou municipal, quer ser atendida.
“Vocês querem dinheiro para resolver a saúde?”, dirá o “mago” Paulo Guedes. “Me ajudem a aprovar as reformas que repasso o dinheiro para vocês. Eu já disse, nossa lógica é menos Brasília e mais Brasil.”
O liberalismo ortodoxo tem várias maneiras de acabar com a pobreza. Uma delas, muito usada, é matar os pobres. Chantagear utilizando o desespero do povo, “faz parte do jogo”.
Por Ricardo Cappelli