CHRISTIAN LYNCH: Sobre ventos e correntes marítimas

A resiliência de Bolsonaro não é difícil de explicar. Depois de 30 anos de progressismo, a década é conservadora. É preciso imaginar um péssimo capitão de navio, com uma tripulação inexperiente, que navega, porém, com os ventos a favor e levado ao destino pela corrente marítima.
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A resiliência de Bolsonaro não é difícil de explicar. Depois de 30 anos de progressismo, a década é conservadora. É preciso imaginar um péssimo capitão de navio, com uma tripulação inexperiente, que navega, porém, com os ventos a favor e levado ao destino pela corrente marítima.

Bastou o capitão passar a condução do navio ao vice, parar de buscar tempestades e tirar do leme os tripulantes, que achavam que a terra era plana e não acreditavam em bússola e astrolábio, que o navio temporariamente aprumou.

Se continuar assim, por pior que seja a administração do navio, simplesmente por causa da inércia, e da direção favorável dos ventos e das correntes marítimas, é capaz de ele chegar ao fim e, quem sabe, na falta de concorrência, fazer uma segunda viagem.

‪Para evitar a segunda viagem, outros navios tem que se organizar para estabelecer sólida concorrência, substituindo os capitães velhos por novos, e considerando nos seus cálculos os mesmos ventos e correntes, avaliando até quando continuarão soprando, e agindo conforme essa expectativa.

Não estou vaticinando o sucesso do Capitão Corona. Mas chamo do que existem fatores “macros” e “cíclicos”, de longa duração, que facilitam sua vida. Acho que isso está cada vez mais claro. Isso, claro, se o marinheiro Queirós não explodir o casco, e não houver bons reparadores a bordo.

A resiliência de Bolsonaro não é difícil de explicar. Depois de 30 anos de progressismo, a década é conservadora. É preciso imaginar um péssimo capitão de navio, com uma tripulação inexperiente, que navega, porém, com os ventos a favor e levado ao destino pela corrente marítima.

Por Christian Edward Cyril Lynch.