Cid Gomes, um herói em tempos de apatia

Heróis são figuras de um outro tempo, mais nobre, apaixonado, em que a razão não servia de álibi para a apatia. Heróis encarnam, ao invés, a razão radical, a aceitação impassível da conclusão que, desde há muito, recusamos encarar de frente, a de que é o sujeito, com seu exemplo, o único capaz de incendiar as massas.

Essa conclusão produz temor em cada um de nós, pois nos chama à radicalidade do auto-sacrifício, abandonando a apatia acovardada daqueles que, vitimados pelo espírito da época, estancam nos limites tacanhos de um individualismo hedonistas, frágil, frouxo, que busca bem-estar e segurança não importando o que seja demandado pelos ventos de mudança.

Essa conclusão radical se impôs a Cid Gomes que, em um gesto de coragem extrema, estranha aos nossos hábitos de parcimônia servil, assumiu a responsabilidade de confrontar o mal em sua faceta mais autoritária e covarde.

Cid Gomes escolheu o sacrifício de si à apatia, jogando as expectativas, de todos, no chão. À esquerda e à direita surge perplexidade diante de seu gesto: Loucura? Imprudência?

Não. O gesto de Cid Gomes pertence ao espaço em que habitam os grandes homens. Gesto de tempos outros, em que a nobreza não se fazia exceção, entre os homens. Cid, no exato momento de sua escolha, tomou para si as rédeas do destino, como o fizera Getúlio, e, assim como este, optou pela grandeza do auto-sacrifício contra o avanço do mal, acostumado a se impor diante de olhos fatigados de ver vencer a iniquidade.

Os Ferreira Gomes, há anos, vem ensinando ao país o valor do sacrifício, carregando, quase que sozinhos, o fardo de pôr o dedo em riste contra facínoras.

Hoje Cid quase perdeu a vida, e com seu gesto entra para a história, nos exibindo o fato inescapável: sem o sacrificio de cada um de nós, sem a aceitação do fardo do exemplo, o mal que se impôs ao Brasil não recuará. Celebremos esse grande homem.

VIVA CID GOMES, HERÓI BRASILEIRO!!!!

Por Igor Lucas Adorno Santos

Cid Gomes discursando ao chegar no aeroporto de Sobral antes de ser baleado no motim de policiais militares.

Momento em que Cid Gomes é baleado.

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