O Ibope desmente o Ibope

Ciro Gomes
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Ontem (dia 11) foi divulgada uma nova pesquisa nacional do Ibope que suscita uma série de questionamentos.

Diferente de todas as outras pesquisas divulgadas nos últimos dias já pegando os impactos do lamentável episódio ocorrido em Juiz de Fora com o Bolsonaro, como a Datafolha e a da FSB Pesquisa encomendada pelo BTG/Pactual, essa do Ibope aponta uma oscilação negativa dentro da margem de erro em relação a anterior do mesmo instituto nos índices do Ciro Gomes, de 12 para 11%.

Nos mais recentes levantamentos desses outros  institutos  os indicadores do Ciro são sempre ascendentes, o que chama a atenção e exige uma análise mais aprofundada nesta destoante pesquisa Ibope (TSE BR 05221/2018).

O primeiro ponto que chama a atenção foi o longo período do trabalho de campo, realizado segundo informações do próprio Ibope junto ao TSE entre os dias 8 e 10 de setembro. 3 dias para 2002 entrevistas e compreendendo aí um sábado e um domingo pós feriado na sexta e com noticiário focado quase que exclusivamente em cobrir o incidente com o Bolsonaro.

O Datafolha por exemplo fez todo o trabalho de campo com 2804 entrevistas em 197 municípios na segunda, dia 10, e divulgou os resultados no mesmo dia (já com mais tempo para o eleitor refletir em  relação ao fato com o Bolsonaro ocorrido no dia 6) sendo a pesquisa mais recente que temos apesar de divulgada antes da do Ibope.

Nela Ciro aparece com 13%, num crescimento de 3 pontos em comparação a anterior do mesmo Datafolha feita nos dias 21 e 22 de agosto.

O Ibope mostra Ciro Gomes com 8% das intenções de voto no sudeste (região que concentra 43,4% do eleitorado) mantendo índices da semana anterior em pesquisa do mesmo instituto.

Só que esse índice do Ciro no sudeste é desmentido por outras pesquisas divulgadas pelo próprio Ibope feitas nos estados de São Paulo (TSE BR 09401/2018), Espírito Santo (TSE BR 06092/2018) e Rio de Janeiro (TSE BR 01952/2018).

No Espírito Santo, com 812 entrevistas realizadas entre os dias 5 e 7 de setembro, Ciro tem 13% das intenções de votos naquele estado, subindo 4 pontos em relação ao último levantamento do Ibope ali.

No Rio e em São Paulo, com 1204 entrevistas em cada estado feitas entre os dias 7 e 9 de setembro (portanto em período coincidente com o do levantamento nacional, que ocorreu entre os dias 8 e 10) Ciro Gomes mantém os 10% no Rio em relação à pesquisa anterior do Ibope no estado e em São Paulo sobe de 8 para 11%.

Ocorre que Rio (12,4 milhões de eleitores), São Paulo (33,04 milhões) e Espírito Santo (2,75 milhões) têm juntos 75,42% do eleitorado da Região Sudeste (63,9 milhões) e com os índices do Ciro apenas nesses 3 estados já dá 8,19% do total de votos da região.

Portanto Ciro já passa dos 8% no sudeste mesmo se não tiver NENHUM voto em Minas Gerais !!!

Minas que possui o segundo maior eleitorado do Brasil (15,7 milhões de eleitores) e que contém praticamente um quarto do total da região sudeste.

Em MG Ciro teve 9% na pesquisa Ibope (TSE BR 01237/2018) feita entre os dias 24 e 26 de agosto, com 1204 entrevistas, e de lá para cá no estado recebeu a declaração pública de apoio do prefeito de BH, Alexandre Kalil, que tem a maior aprovação entre todos os prefeitos de capital e do ex prefeito Márcio Lacerda.

Se levarmos em conta apenas que Ciro manteve esses 9% em Minas – sem nenhum impacto positivo advindo desses apoios anunciados após o último levantamento do Ibope lá – ele já teria um índice de 10,4 no sudeste, o que convenhamos é bem diferente do divulgado pelo Ibope.

Mesmo que tivesse oscilado negativamente de 1 a 3 ou mesmo 4 pontos em MG (o que não é nada plausível) ainda assim teria mais de 10% no sudeste.

E só esse “erro” do Ibope no sudeste já equivale a mais do que o 1% que o Ciro teria oscilado negativamente na pesquisa nacional.

E nessas pesquisas com recorte estadual do Ibope no sudeste temos uma base total de 4.424 entrevistas apenas nos 4 estados dessa região, ou seja, mais que o dobro da quantidade de entrevistas feitas no país inteiro na amostragem nacional.

Em tese temos aí uma maior probabilidade de acerto.

Enfim uma série de discrepâncias matemáticas difíceis de serem justificadas.