Ciro Gomes no Jornal Nacional: um golaço apesar da violência da Globo

Ciro Gomes no Jornal Nacional durante entrevista em 27/08/2018
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Ciro Gomes no Jornal Nacional durante entrevista em 27/08/2018

Começaram as tradicionais entrevistas do Jornal Nacional com os candidatos à presidência. Ciro Gomes foi o primeiro entrevistado, e ficou claro que desde o início seria uma entrevista agressiva no conteúdo, apesar da aparente cortesia dos jornalistas e do candidato.

A entrevista durou cerca de 27 minutos, tendo sido os primeiros 12 minutos de perguntas e interrupções incessantes sobre a pauta principal da Globo: corrupção. O que é muito curioso, tendo em vista que Ciro é um dos únicos candidatos que não só não tem nenhum envolvimento na Lava-Jato, como também nunca foi acusado em nenhum escândalo de corrupção em quase 40 anos de vida pública. Willian Bonner tentou encurralar Ciro acusando-o de dar declarações contra a Operação Lava-Jato e lembrando que o presidente de seu partido, Carlos Lupi, é réu em uma ação civil em um caso no qual já foi inocentado criminalmente. Ciro foi firme na defesa do combate à corrupção, no entanto, denunciando os abusos de delegados, procuradores e juízes que pretendem influenciar na política sem disputarem os votos da população. Bonner insistiu num suposto apoio da população a essas corporações, Ciro insistiu na soberania do voto popular.

A Globo não quis discutir propostas de governo do candidato. A proposta de Ciro de limpar o nome dos 63 milhões de brasileiros que estão no SPC, grande assunto programático que tomou conta do noticiário e das redes sociais desde o debate na Rede Bandeirantes, foi atacada pelos jornalistas indignados com a ousadia de Ciro de prometer algo tão chocante quanto concreto para melhorar a vida das pessoas. Os funcionários da Família Marinho não queriam saber da proposta e seus detalhamentos. Bonner estava preocupado em discutir a forma como Ciro vem abordando o tema, prometendo limpar o nome das pessoas dirigindo-se diretamente ao povo com a frase: “Eu vou tirar o seu nome do SPC”. Ciro exibiu um caderno de 7 páginas com explicações e detalhamentos da proposta, e lembrou que todos os candidatos agora estão copiando sua proposta. O candidato trabalhista também enfatizou a necessidade de criar empregos, e da importância do consumo na retomada da economia e no desenvolvimento do país.

Na sequência, Ciro Gomes foi questionado sobre suas propostas para segurança pública, e confrontado com a situação de violência no Ceará, estado que já foi governado por ele e por seu irmão, Cid Gomes, e hoje é governado por seu aliado petista, Camilo Santana. O candidato mostrou conhecer os pormenores do problema da guerra de facções na região, e a conexão nacional do problema com o crime organizado de São Paulo, o PCC, e do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho. A proposta apresentada pelo pedetista foi nacionalizar o combate ao crime organizado, e quando foi confrontado com o fato de que isso já foi prometido muitas vezes e que nenhum governo fez, ele rebateu assertivamente: “É que eu nunca fui presidente.” Bonner riu constrangido.

Por fim, o tema levantado pela bancada do Jornal Nacional foi a de sua vice de chapa, Kátia Abreu, ser ligada à agropecuária, tendo sido presidente da CNA, Confederação Nacional da Agricultura, e ser rejeitada pela esquerda pelas contradições com a questão indígena e ambiental. Bonner lembrou até os ataques do Greenpeace, ONG financiada por países como EUA e Holanda, à senadora candidata a vice-presidente. Ciro Gomes respondeu que seu projeto é de centro-esquerda, e que convidou Kátia para ser sua vice justamente por ela ser diferente dele, não igual, assim como José Alencar, empresário, foi vice de Lula. Questionado sobre divergências com sua vice, ele disse que os dois concordam que são complementares.

A entrevista foi violentíssima. Os jornalistas da Globo mostraram qual sua pauta e seu partido: o moralismo anti-corrupção do Partido da Lava-Jato. Bonner repetiu três vezes que a população apoia os procuradores e juízes, como se funcionários concursados devessem perseguir popularidade. Fica a expectativa de como será o tratamento para os outros candidatos. Não deve ser tão diferente. Em 2014, Dilma foi a que mais sofreu, mas Aécio Neves e Marina Silva não foram poupados pela Globo que paira por cima dos candidatos e governos, apesar de sempre influenciar e de episódios graves como o debate editado a favor de Collor contra Lula em 1989. Seus interesses são maiores que os ciclos eleitorais, sua agenda moralista é contra toda a política do sufrágio universal, em defesa dos interesses financeiros internacionais e das corporações altamente remuneradas dos órgãos de controle que não dependem do voto popular.

Ciro Gomes foi firme, mostrou que não pode ser pego no conteúdo, portanto foi atacado na forma. Além disso os entrevistadores não queriam deixar o candidato falar, ocupando 12 dos 27 minutos da entrevista, interrompendo-o incessantemente. Mas ele fez ao menos quatro golaços: solidificou num público maior sua principal e mais popular proposta, tirar o nome dos brasileiros do SPC; atacou o desemprego; mostrou capacidade e firmeza para enfrentar o crime organizado; e defendeu sua vice que atrai importantes setores do interior do Brasil. Os outros candidatos, apertados por semelhante violência das interrupções e insistências de Willian Bonner, provavelmente terão desempenho muito inferior.

  1. Embora apoie a candidatura de Lula e caso Haddad não vá ao 2°. Turno – se Ciro Gomes estiver num concorrendo com qualquer outro candidato meu voto será dele. #CiroPresidente

  2. A entrevista foi show.um golaço do Ciro. Só não vê com bons olhos quem tem interesses contrarios à sua proposta

  3. Seria como chutar o cachorro morto. Qual a necessidade de “agredir” aquele que não tem nem 5% nas pesquisas e sem a menor possibilidade de crescimento? Matéria mal escrita, tendenciosa e fraca. Precisa estudar mais e ser imparcial, se quiser criticar a conduta da emissora.

  4. A publicação chama mais nossa atenção para o Bonner do que para Ciro! Verdade seja dito, a máquina mortífera chamada Globo, “O ópio da sociedade brasileira”, manipula e dita as regras e seus cordeiros balançam cabeças como este idiota sentado em sua confortável poltrona de crítico no valor de 500 mil reais! A imprensa não é isto! É só um sujeito sem personalidade ou opinião própria! Não será somente com o Ciro é com tudo que desagrada a Globo! LIXO!!!

  5. Juro que não simpatizava com o Ciro.
    Mas com essa entrevista mudei a maneira de vê lo, e estou repensando o meu voto.
    Esperarei as outras entrevistas para realmente analisar.Apesar que o candidato que eu tinha pensado não estará lá.
    Mas o Ciro me chamou a atenção.

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