Ciro Gomes participará de seminário sobre Reforma Tributária

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O terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes, participará de um seminário sobre a Reforma Tributária este fim de semana em São Paulo. O seminário é organizado pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini e PDT da cidade de São Paulo e contará também com palestras dos economistas Mauro Benevides Filho (PDT/CE) e Nelson Marconi (PDT/SP), dos presidentes do PDT Nacional, Carlos Lupi, e municipal, Antonio Neto, e da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, Manoel Dias.

O evento será no sábado, 28 de setembro, às 09h00 na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), na rua General Jardim, 522. O seminário é aberto ao público com inscrições pelo link (clique aqui) divulgado nas redes sociais do PDT da cidade de São Paulo. As inscrições são limitadas e se encerram na sexta, 27 de setembro.

O seminário acontece no momento em que o Congresso Nacional avança na agenda econômica do governo de Jair Bolsonaro, através do ministro da Economia Paulo Guedes, e começa a discutir a pauta da Reforma Tributária após a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e a perspectiva de sua aprovação no Senado até o fim do ano.

Ciro Gomes e o PDT apresentaram na campanha presidencial um extenso e complexo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que envolvia tanto uma Reforma da Previdência como uma Reforma Tributária. No entanto, a proposta de Reforma da Previdência apresentada pelo governo Bolsonaro foi considerada inaceitável pelo PDT por prejudicar os trabalhadores e os mais pobres, ao contrário da proposta apresentada pelo pedetista, que buscava garantir o sistema de repartição e assistência social para os mais pobres, a contribuição patronal em um sistema de capitalização gerido por fundos controlados pelos trabalhadores, além de um sistema de transição que garanta os direitos adquiridos.

Além disso, o presidenciável que obteve quase 14 milhões de votos, tem fiscalizado todos os números orçamentários e os resultados das políticas públicas do governo trimestralmente através do Observatório Trabalhista, que reúne dados estatísticos oficiais analisados por uma equipe de acadêmicos.

Nessa toada, Ciro Gomes vem conduzindo a oposição ao governo Bolsonaro em termos de fiscalização e apresentação de propostas. É neste contexto que aparece o seminário sobre Reforma Tributária, para discutir com a sociedade brasileira as diferentes propostas para resolução dos problemas econômicos e sociais do país de acordo com as agendas nacionais dos poderes Executivo e Legislativo.

Na sexta-feira, Ciro irá ser entrevistado por Antonio Neto e Gabriel Cassiano no programa Mais Opinião com o tema “O Desmonte da Soberania Nacional”, que poderá ser assistido nas redes sociais. Este também tem sido assunto central da militância do pedetista que busca impedir a venda ilegal de setores estratégicos do Brasil para estrangeiros, como a Embraer, a Petrobras, entre outras empresas fundamentais ao desenvolvimento nacional.

  1. Ciro é uma grande liderança, mas ainda não “está conduzindo a oposição ao atual governo” porque “entrou numa rua sem saida” ao não buscar compor um campo progressista de oposição com o PT e Lula. Essa postura dificulta muito a intenção dele de ser a “referência” de oposição, porque não se pode desconsiderar a força política do PT e de Lula. Mas, se o campo progressista não buscar a unidade de ação, o conservadorismo persistirá no país.

    1. Desunião já! Eis a minha bandeira.

      Venho por meio desse textão declarar porque, na minha opinião, a insistência na tal “unidade de esquerda” é, apesar das boas intenções da maioria que a proclama, uma grande bobagem. Além de calar vozes dissonantes e voltar o velho “fla-flu” e a desmotivante prática de votar no “menos ruim”, ela simplesmente não é efetiva, principalmente em um sistema com segundo turno.

      Vejamos, em várias eleições a esquerda entrou dividida e saiu vencedora, e vice-versa. É preciso conhecer a história, para não repetir velhos erros nem aceitar falácias. Em 2002, por exemplo, toda a direita uniu-se em torno de José Serra, candidato da mídia e do governo anterior, e perdeu no 2o turno. A esquerda entrou dividida, mas elegeu Lula no segundo turno, o que muitos achavam impossível. Em 2014, a já combalida Dilma, desgastada pela crise econômica e pelas jornadas de 2013, enfrentou candidaturas de esquerda extremamente críticas, como a de Luciana Genro pelo PSOL e Eduardo Jorge do PV, e também de centro-esquerda pelo PSB (Eduardo Campos, depois Marina). Até PCO, PCB e PSTU lançaram candidaturas próprias. Ainda assim, Dilma venceu no 2o turno.

      Na última eleição, em 2018, a direita tinha nada menos do que 4 candidatos relevantes. Eles tinham Bolsonaro, pelo nanico PSL, representando a extrema direita populista, Alckmin, tucano, ex-governador de SP, Meirelles, MDB, banqueiro, ex-ministro Temer e presidente do BC de Lula, e Amoêdo, do Partido “novo”, o queridinho do crescente movimento neo-neo-liberal. Isso deu aos eleitores de direita a chance de escolher um candidato de fora do establishment e ganhar o 2o turno, contra quase todas as previsões dos analistas políticos. Manuela d’Ávila, por outro lado, acredito que com as melhores intenções, “errou feio, errou rude” ao cair na armadilha da “união” e retirar sua candidatura no meio do pleito para ser vice do vice do ex-presidente Lula. Diminuiu seu peso político e do seu partido, diminuiu o debate democrático e prejudicou o Brasil, ao ajudar uma candidatura absolutamente sem chances no 2o turno e, indiretamente, eleger a extrema direita.

      Mesmo durante a eleição, Alckmin bateu mais em Bolsonaro do que o próprio Haddad, mas isso não impediu seus eleitores de votarem em peso no 17 no 2o turno. O mesmo vale para os eleitores de Ciro, derrotados e sabotados no 1o turno, mesmo com todas as críticas ácidas de Ciro ao PT, votamos (sim, falo na 1a pessoa) em esmagadora maioria no 13. Não há contradição nisso, porque no 1o turno se vota A FAVOR de uma candidatura. Quando há necessidade de 2o turno, o sistema pede para os derrotados no 1o turno, visto que não votaram em nenhum dos dois finalistas, serem os fiéis da balança e indicarem qual deles se é menos CONTRA (visto que se fosse a favor já teria votado nele no primeiro turno).

      Logo, é evidente que não precisamos de unidade de esquerda, muito menos agora. Precisamos usar esse período até 2022 para discutir sim, nos autocriticar sim. Precisamos corrigir nossos erros, criar novas propostas e bandeiras, formar novos quadros, porque desse debate vai sair o melhor projeto possível pro povo, principalmente para o povo pobre. Democracia é ouvir o diferente, é ter opções. Não é normal, nem saudável, uma esquerda democrática – de um país-continente como o Brasil – girar em torno da mesma pessoa 30 anos (89-19!), por melhor que essa pessoa seja. Mais antidemocrático ainda é acusar de traidor quem discorda disso.

      Podemos e devemos ter frentes amplas em torno de temas e bandeiras específicos (meio-ambiente, DDHH, democracia, etc.), mas não me venham vender a ideia de que a pluralidade de pensamento e de candidaturas de esquerda nos levou ao fundo do poço atual. “Distorcitando” Cazuza, esse discurso “não corresponde aos fatos” e eu não quero ver o “futuro repetir o passado” recente. Ademais, o sistema em 2 turnos anula qualquer possível benefício dessa estratégia.

      Sejamos francos, a intenção, não dos que propagam, mas dos que criaram essa propaganda e essa suposta solução para a esquerda, é, na verdade, calar críticas incômodas e debates mais profundos. Ela é ótima, soa bonita e generosa, e é muito útil como mecanismo de defesa (“não vamos entrar nesse assunto X, vamos nos unir, temos que combater Bolsonaro”). Ora, dá licença, não preciso de união com ninguém para criticar A ou B, críticas não precisam vir de um único pólo, até o “bolso-dória” já criticou o presidente. Eleitoralmente, faz ainda menos sentido: para votar contra algo nós já temos o 2o turno, a união no 1o turno é absolutamente desnecessária.

      E aí, nesse momento, ao não ser atendido, cai a máscara da generosidade e qualquer beleza dessa estratégia. A “desunião” serve então como desculpa para dividir toda a população entre aliados subalternos e incondicionais que concordam ou se calam (popularmente conhecidos como puxa-sacos) e adversários ou inimigos para atacar e adjetivar uniformemente e sem culpa (fascistas, machistas, golpistas, elitistas, homofóbicos, racistas). Para quem acha que eu estou exagerando, leia o último artigo de Jean Wyllys, na Folha de São Paulo, sobre a crítica de Ciro ao discurso e à estratégia política – não à pessoa, a quem ele se referiu na mesma frase como respeitável e queridíssima – da Márcia Tiburi no RJ. Discordância ou crítica, sob o paradigma da “união das esquerdas”, é sinônimo de ataque de um traidor ou de um fascista a um “dos nossos”, e contra isso vale tudo. Nem Chomsky é poupado desse fogo pouco amigo.

      União? Pode ser, mas antes respondam-nos: união por qual projeto, cara pálida, por quais propostas? Unidade para calar? Unidade para abafar “nossa” corrupção? Unidade para perdermos de novo?

      Obrigado pelo convite, mas inclua-me fora dessa.

      Marcelo Furtado
      instagram.com/empresariosprogressistas/
      Recife, 20 de setembro de 2019.

  2. Só alguém muito ingênuo e que não não entenda nada de política pode imaginar que o PT vá compor com alguém além do espelho.

  3. Copiei o textao apesar de grande uma boa leitura. Mas respondendo sobre aliança, mais do que chegou a hora de o Ciro ter luz própria pois bagagem e currículo sobram pra ele.

  4. Perfeito! Sem repreensão sobre a explanação. Parabéns pela análise enérgica e pra mim bem realista do que acontece no campo político brasileiro!

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