Ciro Gomes: “O Brasil não cabe na esquerda, nós temos que ampliar”

Ciro gomes frente ampla
Foto: Sergio Lima.
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Ciro Gomes deu uma excelente entrevista para Kennedy Alencar na CBN nesta terça. O terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2018 respondeu sobre as polêmicas do dia envolvendo o governo Bolsonaro e sobre questões estratégicas da oposição como a campanha pela liberdade de Lula e a possibilidade de uma frente ampla.

Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho do presidente da República, disse em redes sociais que as mudanças que eles querem para o Brasil não poderão ser feitas dentro da democracia. Diversas figuras nacionais reagiram, inclusive Ciro que repetiu na entrevista sua indignação com o ataque ao regime democrático, exigindo uma manifestação inequívoca do pai-presidente contra a declaração do filho-twitteiro.

O ex-ministro da Fazenda mostrou conhecer no detalhe cada medida do governo federal, isso porque acompanha com atenção o desenvolvimento das políticas públicas com seu Observatório Trabalhista, e que os dados coletados evidenciam o destrate econômico e social. Por outro lado, Ciro apontou que também vê as raríssimas medidas positivas, como a transferência e isolamento de lideranças do crime organizado, que ajudou a desarticular a atuação de importantes facções criminosas. Outro exemplo é a medida provisória que instituiu pensão vitalícia para crianças com microcefalia causadas pelo zika vírus, mas não deixou de apontar distorções e inconstitucionalidades na MP, como a restrição contra pessoas que já haviam entrado na justiça para obter o benefício.

Kennedy perguntou se ele acha que a democracia está em risco no Brasil,  e Ciro respondeu que a qualidade da democracia está sendo atacada como em exemplos de censura na produção cinematográfica brasileira. No entanto, Ciro defendeu o direito da população de ter os seus valores morais e julgamentos próprios sobre o que deseja assistir ou não. Mas isso não pode ser confundido com as violações democráticas do presidente, que não pode decidir sobre o conteúdo e a criatividade da produção cultural.

Porém, o ex-governador do Ceará considera que o regime democrático em si não está em risco no momento, pois outras instituições democráticas tem imposto limites a truculência do bolsonarismo. Ciro disse que o Congresso Nacional tem obrigado Bolsonaro a jogar o jogo democrático, ao passo que o Poder Judiciário “tem fraquejado”.

Perguntado sobre a possibilidade de uma união da esquerda para fazer oposição ao governo, Ciro respondeu enfaticamente: “O Brasil não cabe na esquerda, nós temos que ampliar.” Kennedy insistiu no fato de que as divergências com Lula e o PT tem atrapalhado essa união, mas Ciro foi firme sobre a questão da liberdade do ex-presidente ao afirmar que Sérgio Moro feriu a imparcialidade de juiz, e que Lula merece um julgamento justo. No entanto, Ciro aponta que apesar de justa a solidariedade de quem quiser te-la com o ex-presidente, sua liberdade não é o centro dos problemas nacionais.

O pedetista fez uma análise jurídica rigorosa das violações processuais reveladas pela Vaza-Jato, operação jornalística do site The Intercept que trouxe à tona os diálogos entre Moro e a acusação da Lava-Jato. Questionado sobre a possibilidade de anulação dos processos de Lula, Ciro lembrou que desde o início atacou as nulidades praticadas pelo ex-juiz e os procuradores, e afirmou que a lei é clara quanto a anulação dos atos praticados.

Segundo Ciro, a Vaza-Jato é “puro jornalismo”, e defendeu o sigilo da fonte dos jornalistas e seu direito de publicar o material de interesse público, ao contrário dos procuradores e outros servidores da justiça que por lei são proibidos de fazerem vazamentos à imprensa. Todos esses assuntos foram permeados por críticas duras a Moro, chamado de “politiqueiro” por Ciro.

Kennedy perguntou se o ex-presidente é um preso político, mas Ciro apontou que Lula aceitou o rito processual viciado e se entregou recusando o exílio em uma embaixada sugerido pelo próprio ex-ministro, que foi violentamente atacado pela imprensa e pela direita, como agora o é pelos petistas. Ciro ainda lembrou de como o PT passa a atacar aliados que não servem mais à sua hegemonia, como foi o caso do intelectual Noam Chomsky, antes idolatrado, e agora vilipendiado por ter dado declarações críticas ao hegemonismo petista.

Ciro ainda fez uma análise do fim do ciclo petista no poder com o impeachment e a vitória de Bolsonaro. De acordo com o ex-governador, o grande problema não foram o escândalos de corrupção, apesar de graves como no caso do réu confesso e braço direito de Lula Antonio Palocci, mas sim a crise econômica. Apesar de coisas boas realizadas principalmente nos governos Lula, o PT manteve a política macroeconômica neoliberal de juros altos e ajuste fiscal, prejudicando os trabalhadores e os mais pobres, com uma guinada à direita no segundo governo Dilma.

Esta é a questão central para Ciro. O projeto para o país e o povo. E é por isso que a bandeira “Lula Livre”, apesar de legítima para que os petistas a carreguem, não pode unificar a oposição, e menos ainda uma frente ampla para superar o desastre neoliberal e autoritário.

O jornalista ainda perguntou sobre a divergência com a deputada federal Tabata Amaral que votou a favor da reforma de previdência contra orientação do partido. Ciro respondeu que está muito decepcionado com ela, ainda mais por ter ele mesmo te-la filiado ao PDT. De acordo com Ciro, que é vice-presidente nacional do partido, o assunto foi discutido internamente e decidido democraticamente, com concordância da deputada, fechar questão contra a reforma da previdência como proposta pelo governo no Congresso. Kennedy ainda lembrou que o próprio Ciro apresentou uma proposta de reforma da previdência muito diferente da aprovada, e o ex-candidato a presidente explicou que a a reforma como está irá destruir a aposentadoria pública do Brasil.

  1. Que ótimo que o camaleão oportunusta tenha resolvido deixar claro que não é esquerda e não pretende executar um orograma de esquerda.

    Agora falta ele explicar isso oro professor pernóstico que o trata como lider nacional popular, e pra Juventude Cirista que acha que ele é o Brizola do século XXI

  2. como esta reportagem mudou a fala do carlos Bolsonaro me fez entender que este espaço aqui é fake. parei a leitura nesta parte. não serve pra mim este tipo de desinformação. claro que tem erros na família bolsonaro, e seria conveniente serem corrigidos, mas aumentar ou modificar os erros deles não ajuda o Brasil, só interessa para quem se deu bem com a roubalheira wue tinha.

  3. Parabéns por divulgar o Ciro! O Brasil precisa conhecer sua história política e o seu Projeto Nacional de Desenvolvimento! (PND)

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