Conspirações e o “fechamento do regime”: militares ou Lava-Jato?

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O mundo da política é movido a conspirações. Mas na hora de apontarmos alguma, em uma análise conjuntural, há de se tomar o cuidado de fazer uma correta leitura da estrutura de forças, dos agentes em disputa e dos indícios que apontam seus movimentos de médio e longo prazo.

Tem bombado por aí algumas análises que dizem que os militares estariam prontos para ”fechar o regime” no país. Um papo, aliás, que rola nos últimos dois, três anos. Mais ainda, as Forças Armadas ”fechariam o regime” no país para entregá-lo de vez nas mãos da CIA, da NSA e do Departamento de Estado ianque.

Ora, existem indícios, sinais, correlações de forças que indiquem qualquer coisa próxima a isso no Brasil de junho de 2019? A resposta é um rotundo ”não”. Não existem sinais de que as Forças Armadas ou mesmo a ala militar que faz parte do Reino é toda ela submissa aos ditames da CIA. Não existe indício de que o Exército possui um pensamento comum sobre o que fazer com o país. Tampouco existem evidências de que queiram tomar o poder de forma ditatorial. E, aliás, a ala militar no governo está disputando espaço com outros campos que também se encontram muito bem posicionados dentro do Reino dos Bozós.

E tampouco estão dadas condições objetivas na sociedade brasileira para aceitar algum fechamento de regime que tenha as Forças Armadas à frente. Se essas condições vão existir daqui a uns cinco ou seis anos, não sei. Mas o humor da sociedade civil para um regime liderado pelas Forças Armadas é hoje menor do que um ano atrás.

Então, as análises que partem dessa perspectiva, a de que estamos a um passo de um regime militar que entregue o país para os ianques, estão viajando na maionese, perdidas sobre o momento real da política pátria. Não estou negando a existência de estratégias de poder entre grupos militares ou de influência de serviços secretos estrangeiros no país. E sim a existência de um bloco militar subordinado ao Departamento de Estado, e com força suficiente no sistema político atual para impor à sociedade um regime fechado.

O principal foco de autoritarismo e ameaça à ordem jurídica brasileira dos últimos cinco anos não está entre os militares. Está obviamente na Operação Lava Jato, que é a ponta de um iceberg de uma militância bizarra, e essa sim associada diretamente a instâncias estrangeiras, que ocorre no Ministério Público e na Polícia Federal. Mas nem aqui existe uma unidade de comando ou de propósito.

Então, vamos ter atenção com esses discursos aí.

Por André Luiz Dos Reis