A Constituição da República chega ao fim do mês?

A Constituição da República chega ao fim do mês?
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Eu fico imaginando como a caneta de Paulo Francis empalaria diariamente todos os personagens breguíssimos que pululam hoje na novela brasileira. Francis pode ter ficado rabugento e direitista, mas não era bobo, era amigo de Brizola, de Tancredo e tinha um faro próprio para detectar os jecas, os alpinistas sociais aculturados que continuam dando expediente por aí, em palácios, gabinetes, jatinhos, cabelos pintados, dentes de porcelana, ternos chiques, capturados e catapultados pelas lentes dos jornais que conseguem transformar qualquer mediocridade em produto customizado para nossa classe média malgastar.

Engraçado, ninguém da mídia que hoje se diz crítica foi apurar a fake news lida ao vivo em português sofrível pelo jeca mor da República, Sérgio Moro, nessa semana, em umas das coletivas sobre as mortes que o chefe do Executivo gandaieiro brinca de fabricar. Por anos laurearam um jeca cuja “conja” desfila de Gucci com socialites pelos Iguatemis elucubrando sobre “o assistencialismo” no Brasil. E se hoje temos que lidar com um super ministro que estimula motins nos entes federados, que desconhece a quantidade de estados da federação, que promove campanha néscia nos presídios e que faz citação em latim no twitter (tem trouço mais brega?)… enfim, se hoje temos que lidar com isso é porque a imprensa embarcou nessa fraude.

O pior, porém, está por vir. É que o jeca mor(o)- idolatrado pela gente do dinheiro grande e pela gente que come no Madeiro no crédito pra postar no insta, ou seja, a classe média também jeca e aculturada como o chefe e “os patrão”- ele mesmo, se aproveitando das cinzas que restaram da autoimolação daquele que dizia que se reelegeria, como governa, ou seja, tomando cerveja de bermuda e chinela rider, se prepara para assaltar o país com a turma de jecas crentes para os quais cocaína é grana, sim, esses mesmos que combatem corona com jejeum, a turma da lava jato, portadora dos fuzis semióticos que miram na cabecinha da Constituição Federal.

A Constituição da República chega ao fim do mês?
Lula pariu e bateu, mas é o Brasil que terá que balançar Matheus. O fato é que a ampla coalizão de jecas tem sede e logo mais jogará aos leões aquele saco de bosta que esses canalhas escalaram para chegar ao poder. E tão grave quanto o Covid-19 é o vírus da linguagem fascista que já infectou os brasileiros desde o golpe, que, entretanto, não passou de um procedimento de formalização do enterro daquela força política já moribunda, o petismo. É lógico que não há golpe sem lava jato e não interessa que 2013 tenha emprenhado o Brasil de salvadores, porque se quero identificar a origem da linguagem fascista que infectou o rebanho legitimador das ações e omissões do presidente boçal, identifico: o vírus do fascismo que infectou a República tem nome, sobrenome e CPF. E se quiser divulgar os dados de Sérgio Moro nas redes… General Heleno. Senil.

Com essa massa desvalida de desempregados e “empreendedores”, numa estagnação que priva o povo há uma década, mas que também importa os jatos dos banqueiros, dos veios da havan e dos vendedores de hambúrgueres gourmet para a classe média jeca, o choque que se avizinha é tão perceptível quanto o asteroide Melancolia, aquele do filme de mesmo nome de Lars Von Trier. Mas não nos enganemos. Ao atender a explosão, o presidente obtuso explode junto. Assim, o fascismo linguístico precisará de mudar de corpo para operar uma coesão fictícia num momento de convulsão real. E alguém duvida que o marreco de Maringá, pisando a Constituição para parecer mais alto, já experimenta sua camisa negra no espelho?