Flordelis e Padre Robson: esquerda, não generalize os cristãos

O movimento Cristãos Trabalhistas vem a público se pronunciar sobre a situação dramática envolvendo uma menor, vítima do abuso de um estuprador e de uma consequente gravidez indesejada.
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“Dentro do Evangelho há ainda muito para aprender, e nunca os seus preceitos tiveram tanta atualidade.” Alberto Pasqualini

O movimento Cristãos Trabalhistas vem a público se manifestar sobre os recentes episódios envolvendo líderes religiosos (pastora Flordelis e padre Robson) acusados de crimes diversos, incluindo homicídio, desvio de finalidade de instituição religiosa e apropriação indébita e que são usados por determinados veículos de comunicação, particularmente artigo publicado pela revista eletrônica Fórum, assinado pelo jornalista Renato Rovai como a prova cabal de que a religião cristã, nas suas vertentes católica e protestante, por si só, é a causa que explicaria tais desvios de conduta e que a religião, portanto, é um “ópio” que desnorteia a razão de seus seguidores e, por conseguinte, o caráter de quem as professa. Não podemos excluir a religião da história da humanidade e nem negar sua contribuição na cultura, na política, nas ciências médicas, na educação, etc. A religião é perita em humanidade! Desde que o homem existe, esse se descobre e vê o sentido da sua vida a partir da fé que professa. Não é a falha de um dos seus membros que pode levar a religião ao descrédito. O homem é sujeito às quedas, mais o autor da fé jamais!

Antes de tudo, manifestamos nosso completo rechaço a quaisquer desvios de conduta de líderes cristãos, sejam católicos ou evangélicos. Entendemos que o Evangelho de Jesus pauta de maneira muito clara a conduta ética e moral de qualquer cristão, muito mais ainda de um líder e que este mesmo Evangelho, o qual, para nós cristãos, é a Palavra de Deus, é uma espada de dois gumes (Hebreus 4:12) e que, portanto, não admite relativismos éticos que possam fazer com que tais condutas não sejam motivo de dura admoestação, atingindo os leigos e os líderes cristãos. É bom frisar que, em relação às condutas do padre Robson (ainda em fase de investigação), a Arquidiocese de Goiânia e sua Congregação dos padres Redentorista de Goiás suspenderam o padre de todas as suas atividades religiosas, deixando claro que as instituições são superiores aos seus líderes. E essa é a regra da maioria das denominações evangélicas históricas e pentecostais clássicas, onde uma assembleia de membros, um conselho ou um concílio destitui o líder de imediato que incorre em desvio de conduta. Também realçamos aqui que respeitamos os princípios constitucionais da presunção da inocência, da ampla defesa e contraditório e do devido processo legal, visto que nos opomos ao “lavajatismo” jurídico e midiático.

Entretanto, a utilização desses casos para generalismos, onde o caráter de um líder religioso é amalgamado aos princípios de uma religião, é um desserviço ao país, ao público e é o ingrediente principal para fomentar a intolerância religiosa e o ódio. Usa-se um silogismo pueril: se em um curto espaço de tempo, temos a notícia de líderes religiosos envolvidos em crimes, logo há um nexo entre a religião e a propensão aos desvios éticos graves noticiados. Esquecem tais jornalistas que mais de 95% de nossa população é adepta de alguma religião. Sendo assim, praticamente TODOS OS CRIMES que ocorrem no país são praticados por religiosos de diversas vertentes (candomblé, evangélica, católica, espírita, muçulmana, budista, etc) e, portanto, relacionar o crime de pessoas, mesmo que sejam líderes religiosos à religião, criminaliza TODAS as religiões. Seria o mesmo que dizer que a religião islâmica é uma religião terrorista em virtude de alguns de seus líderes ou membros praticarem atos de terror. Ou que as religiões de matriz africana são poluidoras do meio ambiente por que alguns de seus praticantes não recolhem os objetos litúrgicos usados nas nascentes e cachoeiras em nosso país. Onde isso ajudará nosso país a curar suas feridas?

Queremos aqui deixar claro uma obviedade (mas que tem de ser dita): o cristianismo é superior às condutas de pessoas, mesmo seus líderes, e com estas condutas não pode jamais ser confundido. Essa generalização grosseira transmitida por um jornalista experiente e ligado ao pensamento de esquerda aumenta o fosso gerado, em parte por essa mesma esquerda, ao desqualificar e desmerecer a fé da maioria do povo brasileiro. Há que se noticiar com grande amplitude os desvios de conduta de líderes religiosos sem JAMAIS ligar esses desvios à fé daqueles que os praticam.

Que possamos lutar por uma sociedade onde o respeito à fé e a ausência de fé sejam princípios basilares para o aprofundamento da nossa democracia, a fim de que nosso povo seja protagonista de um projeto emancipatório de nação.

Cristãos Trabalhistas Comissão Estatuinte

Brasília, 26 de agosto de 2020