A enésima reedição do debate Lula-Collor de 1989

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A doença de Boulos é uma fatalidade, numa situação de descontrole pandêmico, anarquia sanitária e negacionismo científico. Mas é uma fatalidade.

No entanto, a decorrência política imediata não é uma fatalidade. Poucos minutos após a campanha divulgar uma nota oficial, Cesar Tralli foi ao Twitter e sentenciou: “o debate [da Globo] está cancelado”. O cancelamento não é uma fatalidade. Não é tampouco uma decisão de prevenção sanitária. Há meios técnicos de sobra para realizar o encontro final entre os dois candidatos de maneira remota.

A Globo anuncia o cancelamento porque um debate nas condições da disputa em São Paulo nunca foi de seu interesse. A emissora sabe que seu lado, o do PSDB, conta com um mau candidato, fraco de verbo, oco de realizações à testa da prefeitura e apadrinhado por uma bola de chumbo no meio do oceano, chamada João Dória.

A Globo sabe que o debate, nessas condições concretas seria acontecimento de altíssimo risco. Por esse motivo, ela e as outras emissoras – concessões públicas jamais reguladas pelos coniventes governos federais desde a redemocratização – limaram trocas de ideias ao vivo em todo o país.

Eleições agora se transformam quase que em concursos de simpatia pessoal. Não há contraponto, não há esclarecimentos maiores ao eleitorado, não há nada. Se eleições nas quais o dinheiro e a máquina oficial sempre deram o tom nunca foram muito democráticas, a tentativa agora é de transformá-las em embates de fachada.

Mas dessa vez não colou muito. O candidato com menor tempo de TV chegou à reta final. E a Globo realiza a sua enésima repetição da edição do debate Lula-Collor de 1989.

Poucas horas nos separam das urnas em São Paulo. Esse é o ritmo da batalha. É possível denunciar a manobra e virar o jogo.

E é isso que temos de fazer!