“E daí? Quer milagre?”: o SUS ou a barbárie

“E daí? Quer milagre?”: o SUS ou a barbárie
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O enorme conjunto de omissões do governo Bolsonaro em relação à crise da pandemia já vinha se acumulando e mostrando sua face cruel. Tudo indicava de fato uma insensibilidade generalizada em relação ao sofrimento do povo. Desorientação com relação ao cuidado sanitário, demora e menosprezo no apoio econômico a informais e desempregados, a criação de um app da Caixa Econômica que não funciona, criação de uma crise inexistente na distribuição do seguro-desemprego.

Tudo parecia indicar um governo que deliberadamente escolhia para seu povo um maior sofrimento, em vez de um alívio. Essa percepção parece ter sido confirmada na noite de 28 de abril, quando o Presidente da República foi informado que o país havia ultrapassado o número de 5 mil mortos pela Covid-19 e respondeu: “E daí? O que quer que eu faça? Eu não faço milagres”.

Quando, dias antes, entrevistei a jurista Élida Grazianepara o canal Revolução Industrial Brasileira (link para o vídeo abaixo), a conversa havia abordado exatamente isto. O risco de anomia, ou seja, de desordem generalizada, de caos, de barbárie. Por que corremos este risco? Essencialmente, porque temos no governo uma quadrilha de potenciais assassinos, psicopatas, histéricos, obcecados.

Durante a entrevista, lembrei da frase que Drauzio Varella costuma repetir: “é o SUS ou a barbárie”. Tristemente, é exatamente esta disjuntiva que parece pender agora para o lado da barbárie, à medida em que o SUS começa a refletir décadas de desinvestimento e desmonte, incapaz que está de atender essa situação excepcionalidade.

“E daí? Quer milagre?”: o SUS ou a barbárie

Mas o SUS ainda poderia representar o nosso último limite de solidariedade social caso não estivesse recebendo tiros de misericórdia. E ele está. Não é possível dizer se sairá vivo depois disso. Assim como vivos não sairão muitos brasileiros que perecerão pelo vírus ou pelo desespero causado pela omissão do governo em relação a seu penar.

A entrevista com Élida Graziane é clara: a anomia está à espreita, e a menos que o governo federal deixe de se comportar como uma quadrilha genocida, este será um cenário difícil de reverter.