Eleição contestada dos EUA inicia crise pior que o 11 de setembro

CESAR BENJAMIN Eleição contestada dos EUA inicia crise pior que o 11 de setembro Foto: Brendan McDermid/Reuters (3.nov.2020)
Foto: Brendan McDermid/Reuters (3.nov.2020)
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Por Cesar Benjamin – Escrevo no início da manhã do dia 4 de novembro, com a apuração das eleições americanas ainda em curso. Muita coisa acontecerá nas próximas horas. Mas já é possível dizer que estamos diante de eventos muito mais importantes que o atentado às torres gêmeas em 2001.

O atentado foi um crime grave, impactante, com múltiplas consequências, mas só isso: um crime. Não ameaçou a higidez do Estado americano e os valores de sua sociedade.

O que vemos hoje é uma crise aguda deste Estado e desta sociedade, apresentados ao mundo como grande referência de êxito nas últimas décadas. Isso acabou.

Haveria muito a dizer. Limito-me a um aspecto.

O próximo presidente americano, que ainda não sabemos quem será, governará uma sociedade ultradividida, internamente, e cuja hegemonia mundial é claramente cadente.

Ele terá, forçosamente, que fazer guerras externas, seja para aumentar o próprio poder na disputa interna com o Congresso, seja para tentar coesionar o país, seja para mudar as regras do jogo internacional. Mantidas essas regras, a China já venceu.

Uma situação de relativa normalidade não interessa aos Estados Unidos.

Nunca houve transição de hegemonia sem guerra. Desta vez não será diferente.

Por Cesar Benjamin