O enigma eleitoral e o fator Luciano Huck

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O apresentador Luciano Huck já faz parte da vida política cotidiana do Brasil. Suas falas são reproduzidas em manchetes de jornais, seus aliados o defendem publicamente e ele está definitivamente se cacifando para a próxima eleição presidencial.

O apresentador paulista, criador de “tiazinha” e “feiticeira”,para além de seus conhecidos dotes televisivos, tem uma história curiosa: é filho de um grande advogado e possui uma formação sólida, fruto dos grandes colégios paulistas e do curso de Direito no tradicional Largo São Francisco.

O futuro candidato é largamente conhecido pela população brasileira. Em pesquisa feita pela XP investimentos, mais da metade dos entrevistados classificaram Luciano como “benfeitor”. Isso é facilmente explicável: Huck passou os últimos 22 anos viajando mais de 3 estados por semana, em maratonas que deixariam qualquer político maluco. Fazer TV popular é estar perto das pessoas. Duvida? Vamos falar de Donald Trump, Beppe Grilo, em outra escala, Ronald Reagan. A história tá cheia de exemplos.

Durante muito tempo, os meios de comunicação progressistas trataram-no como um Celso Russomano de grife. Acharam que sua virtual candidatura seria somente calcada em sua popularidade televisiva. Por este motivo, surge a necessidade de um apanhado de suas movimentações politicas recentes (ou nem tanto).

– Luciano Huck tem o apoio explícito de Rodrigo Maia, o atual primeiro-ministro do Brasil. O presidente da câmara considera o apresentador “um homem a ser considerado no jogo eleitoral “, e que “seria de muito gosto apoiá-lo”. ( Maia no pânico, 2019). Aliado a isso, o apresentador possui uma base de mais ou menos 20 deputados no congresso, estes, eleitos pelas mãos dos “movimentos pela renovação” patrocinados por Huck.

– Luciano Huck é o rosto de todos o movimentos de “renovação” que atuam de forma relevante na política, além de ser coordenador não assumido de núcleos de formação de jovens muito mais relevantes do que qualquer juventude partidária.

– Huck disputa um eleitorado difícil de ser mapeado. É a senhora humilde evangélica que votou no Crivella e no Russomano ; o jovem universitário que votou na Tabata Amaral; o médico paulistano que votou no Amoedo e acredita que tem que se votar em alguém que “pode sentar-se a mesa de jantar sem maiores preocupações”. É muito amplo. É TV popular na maior emissora do hemisfério.

– Seria um ótimo antagonista ao Bolsonaro. É bem formado, sabe portar-se como alguém civilizado e articulado.

Seu maior problema moral, o tal helicoptero do BNDS, definitivamente não colou. TV é dinheiro limpo, Huck teve muito menos negociatas que seu concorrente João Dória. E ambos atuam num campo ultra-moralista.

A estratégia de não concorrer à eleição de 2018 foi ótima. Ele conseguiu capitalizar-se sem precisar levar tanta pancada. Construirá sua imagem com calma e gerenciando as crises sem a preocupação do pleito imediato.

Seu discurso, antes mais alinhado à centro direita, parece ter dado uma guinada ao lado da centro-esquerda nos últimos meses. O motivo parece simples: o campo dessa suposta centro-esquerda é mais aberto do que o da centro-esquerda. A suposta radicalização petista impulsionada pelo “ Lula Livre ” e pelo advento de ser oposição, alinhados ao esgotamento de Marina Silva, facilitam. A diferença de Huck é que ele penetra em rincões que somente Lula e Bolsonaro penetraram. Os 30% sem vínculo com a internet são um exemplo.

Todos os leitores deste portal provavelmente sabem quais são os senhores servidos pelas bondades de Huck. Huck é o baronato da Rede Globo e é um “segurador” dos absurdos cometidos pelo sistema financeiro nacional. É um liberal e por óbvio, em nenhum momento deve ser confundido com um candidato do campo progressista. Mas é inevitável que sua proximidade com os setores pobres da sociedade levará muitos votos da esquerda.

Quem acha que o único adversário no ringue é o paulista bonachão amigo do Dj Billy e com rostinho de bom-moço, está enganado. Huck joga o jogo como gente grande.

Diferente de nós.